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Novas técnicas e proteção ambiental no Horto da UFRJ

 Quem passa pela Cidade Universitária já percebe uma mudança de visual. Fachadas mais arborizadas, com flores e plantas ornamentais melhoram o aspecto do local e são resultado do trabalho da Divisão de Paisagismo da Prefeitura Universitária (Dipa) através do Horto.

O Horto é uma seção da Dipa que promove a arborização de espaços vazios na Cidade Universitária, orientados pela seção de Projetos Paisagísticos responsável por elaborar projetos. Entre 2008 e 2009 foram mais de 3.000 mudas plantadas no espaço e diversos locais vazios ocupados como a lateral do Alojamento Estudantil da UFRJ e nas proximidades da Fundação Bio-Rio.

Outro trabalho da equipe do Horto é produzir e selecionar mudas de diversos tipos e origens de acordo com a disponibilidade do mercado ou acervo de instituições. Além disso, promove estudos para introdução de novas espécies e para a pouca disseminação de pragas e doenças.

O local está  reformado há dois anos e hoje sob a direção de Beatriz Emilião Araújo, que desde sua inauguração há 21 anos trabalha como chefe da seção de projetos paisagísticos, pesquisa novas técnicas para a produção de mudas, reaproveitamento de água e combate a pragas.

Para isso, a equipe da Dipa fez uma visita a Holambra, em São Paulo, conhecida como Cidade das Flores, e trouxe ao Horto modelos de produção dos agricultores da cidade e algumas técnicas alternativas que facilitam o trabalho e protegem o meio ambiente.

“Eles promovem técnicas para diminuir a quantidade de ervas daninhas (espécies invasoras diferentes das cultivadas) e utilizam faixas adesivas (faixa da cor amarela com cola especial) que atraem insetos e evitam que as mudas sejam atacadas por pragas, tudo isso nós já estamos aplicando aqui no Horto”, explica Beatriz.

Outra técnica trazida de Holambra foi a substituição dos típicos “saquinhos” para armazenamento de mudas, por bandejas, que são reutilizáveis e facilitam o trabalho dos funcionários. “Com as bandejas nós diminuímos o custo de produção das mudas, pois deixamos de comprar saquinhos e melhoramos o ritmo de produção com o transporte de várias mudas por vez”, revela a diretora.

Reaproveitamento da água e de resíduos    

Como questões ambientais estão diretamente ligadas à rotina do Horto, o reaproveitamento da água e de resíduos do trabalho no campus tornou-se alternativa para uma possível diminuição dos gastos na produção do horto.

De acordo com Beatriz, o Horto já desfruta de uma pequena fonte de água de reúso, em parceria com o projeto é água de reuso da escola politécnica do campus e tem o projeto, junto à prefeitura do campus e à Divisão de Limpeza Urbana, para criação de uma usina de compostagem (produção de adubo), com aproveitamento de gramíneas, de resíduo de poda e de biotérios dos laboratórios no Centro de Ciências da Saúde (CCS). “Nós visitamos locais que coletam água da chuva para utilização na produção, o que pode ser também uma alternativa ao Horto.”

Além disso, a Prefeitura tem o projeto utilização do lodo residual da estação de tratamento de esgoto no traço da compostagem ou na mistura direta com a terra através do Projeto Lodo, reaproveitando resíduos e beneficiando a produção de mudas

Benefícios à comunidade acadêmica

Além da melhoria no visual da Cidade Universitária, os projetos paisagísticos auxiliam também na qualidade de vida, de trabalho e de estudo para os alunos de graduação e frequentadores do campus.

Um dos maiores benefícios do plantio de árvores no entorno do campus é a neutralização da concentração de carbono na atmosfera, contribuindo para compensação ambiental e proteção contra o efeito estufa e amenizando o clima do local.

“Depois que nós reformamos o jardim da Reitoria, os professores começaram a dar aulas no local, isso foi extremamente gratificante para nós”, comemora a diretora.

Um projeto mais recente da seção de projetos paisagísticos no Horto é o sombreamento de algumas áreas da Cidade Universitária, principalmente da ciclovia, em construção por todo o campus.

Segundo Beatriz, a paisagista da Dipa, Daniele Inocêncio, responsável pelo Plano de Arborização do Campus da Cidade Universitária, já desenvolve maneiras de sombrear através das plantas áreas do percurso da ciclovia, para criar um clima mais agradável tanto para o uso da ciclovia quanto para prática de leitura e outras atividades. Além disso, o projeto tem o cuidado de selecionar algumas espécies que possam fornecer alimento para a fauna existente no campus.

Nesse sentido, o objetivo da Dipa é tornar o campus da UFRJ um centro de referência em biodiversidade, no tratamento e estudo em fauna e flora e na formação de profissionais de qualidade na promoção paisagística em meio urbano.

“A presença de mais verde no campus melhora o humor dos funcionários e alunos e torna a rotina mais prazerosa com árvores e flores por toda parte”, sinaliza a paisagista.