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Cidade criativa, um futuro possível

Refletir sobre a cidade para tentar compreender os impasses da sociedade contemporânea tem sido o caminho percorrido por intelectuais do mundo todo a fim de propor perspectivas para o futuro. O assunto serviu como tema do seminário “Cidades, futuros possíveis”, realizado ontem, 01 de setembro, na Casa da Ciência da UFRJ. O evento teve a participação de profissionais de diversos campos do saber, que incluem a cidade em suas reflexões.

O primeiro módulo – “Cidade remixada: por uma nova geopolítica cultural do espaço urbano” – abordou a cultura urbana e suas redes, os usos da cultura, as políticas do entretenimento e a estética do espaço público. André Lemos, professor da Universidade Federal da Bahia e coordenador de um projeto de pesquisa sobre cibercidades, discorreu sobre a alteração do espaço urbano pela mídia e sobre as mobilidades proporcionadas pelas novas tecnologias. De acordo com o professor, a mobilidade física e informacional, que possibilita a produção e o envio de informações, enquanto se caminha pela praia, por exemplo, é um momento inédito da contemporaneidade. São estes recursos que conduzem  a um “download do espaço” que, por sua vez, permite que seja pensada uma cidade como resultado de associações individuais e não como  panorama único para todos.

O fim da visão totalizante da cidade é também defendido por Guy Saez, professor de Ciências Políticas da Université Pierre Mendes France (Grenoble). Para ele, especialista no campo da sociologia das políticas públicas, vive-se uma crise do modelo cultural que também marca o fim de um ciclo: da cultura excepcional para a diversidade; do elitismo para as culturas de massa; da cultura autoritária para a autoexpressão. A perda do poder centralizado, segundo Guy Saez, aponta ainda para o fim do ciclo político que mostrava, com nitidez, as diferenças entre a direita e a esquerda. Assim, o novo modelo de cidade seria a “cidade criativa”, onde as políticas são baseadas na transversatilidade, na parceria e na territorialidade, unindo a cidade cívica à global.

O primeiro módulo do Seminário foi moderado por Ilana Strozenberg (ECO-UFRJ) e incluiu as considerações de Mario Brandão, fundador e presidente da Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital (ABCID), sobre as benesses e os malefícios decorrentes da internet, e as respectivas relações destes com o cotidiano da cidade. Na parte da tarde, a discussão ficou centrada na convivência da cidade formal e da cidade informal, tema do módulo “Cidade aberta: modos de vida informal, lei e cidadania”.