O Seminário Internacional “Religião e Cultura na América Latina”, organizado pelo Núcleo de Religião, Gênero, Ação Social e Política da Escola de Serviço Social (ESS) da UFRJ, recebeu na última terça (17/08) os professores David Lehmann, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), Paula Montero, do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP), Maria das Dores Machado, do Programa de Pós-graduação em Serviço Social da UFRJ, David Smilde, da Universidade da Geórgia (Estados Unidos), e Patrícia Birman, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Eles compuseram a mesa-redonda “Religião e Esfera Pública na América Latina”, que aconteceu no Auditório Professor Manoel Maurício de Albuquerque.
Estado laico
A concepção de Estado laico foi tema discutido por todos da mesa. “Laicidade do Estado não é silenciar os grupos religiosos, mas garantir que tenham sua atuação em uma sociedade múltipla”, definiu Maria das Dores. Já Paula Montero comentou o processo no Brasil: “No nosso país, a laicidade do Estado foi um debate sobre a autonomia do Estado em relação à Igreja Católica”.
Apesar de o Estado brasileiro ser constitucionalmente laico, Maria das Dores considera intensa a atuação de grupos religiosos na política. “Há uma grande valorização das convicções religiosas dos candidatos”, afirmou. “Elas são extremamente valorizadas como fonte de conduta”, completou.
Mais do que participação política, de acordo com a mesa, a religião incluiu, historicamente, seus valores na sociedade. “Culturalmente, os valores da sociedade brasileira, assim como as nossas características analíticas, estão ligados aos da Igreja Católica”, definiu Montero.
Venezuela e Brasil
David Smilde abordou a relação Igreja x Estado na Venezuela. O palestrante contou que, com o governo Chávez, houve uma mudança nesse convívio. “A Igreja Católica perdeu poder e os evangélicos ganharam em participação política”, analisou. “Antes de Chávez, os evangélicos não tinham acesso à política”, completou. Patrícia Birman comentou a alegada perda de influência do catolicismo durante o governo Chávez. “No Brasil, a religião nunca saiu da política”, comparou. Já Maria das Dores ressaltou a participação dos evangélicos também no Brasil. “Vejo a entrada dos grupos evangélicos na política como expressão da democracia”, opiniou.