Se, por um lado, os avanços tecnológicos trouxeram uma série de benefícios para a vida da população, por outro, são eles os responsáveis por intensificar a ocorrência de problemas ambientais, como o efeito estufa, em todo o planeta. Verões com temperaturas mais elevadas, invernos rigorosos, incêndios florestais e o derretimento de geleiras são apenas alguns exemplos das consequências das mudanças climáticas.
Com o objetivo de mapear a emissão de gases do efeito estufa na cidade do Rio de Janeiro, o Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente (Lima), coordenado pelo professor Emilio Lèbre La Rovere, idealizou o projeto "Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa da Cidade do Rio de Janeiro". O estudo tem por objeto identificar o perfil da capital quanto a emissões de gases gerados pelas atividades socioeconômicas que contribuem para o aumento do efeito estufa, dentre eles o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O).
Segundo Marcelo Buzzatti, pesquisador do projeto, o efeito estufa é um processo que ocorre quando parte da radiação solar, irradiada pela superfície terrestre aquecida pelo sol, é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. Com isso, o calor é retido e não é liberado para o espaço. "Vale lembrar que o efeito estufa causado por mecanismos naturais é vital. Sem ele, a vida não poderia existir. O grande problema é que a presença de alguns gases, sobretudo o CO2, vem aumentando nos últimos dois séculos na atmosfera, de forma acentuada, através da ação do homem (efeito estufa antropogênico)", afirma. A queima de combustíveis fósseis e a fermentação anaeróbica de resíduos apenas intensificam o fenômeno, promovendo modificações climáticas no planeta.
Os dados do Inventário passariam, então, a auxiliar o conhecimento do nível de emissões de gases de efeito estufa e suas principais fontes. O estudo permite análises de questões relacionadas à intensificação do efeito estufa causado pelas atividades humanas e a identificação dos setores-chaves para a adoção de ações e medidas.
O projeto
O Inventário identifica o perfil do Rio de Janeiro quanto às emissões de gases, gerado pelas atividades socioeconômicas em 2005. Não é o primeiro documento desse tipo realizado na Cidade ¯ o primeiro inventário do Rio de Janeiro foi executado pelo CentroClima/Coppe em 2000 ¯ mas se diferencia dos demais, ao apresentar a evolução da emissão dos gases do efeito estufa durante 1996, 1998 e 2005.
Na segunda etapa, serão construídos cenários para 2010, 2015, 2020 e 2025. Esses cenários, de referência e alternativos, incluirão, dentro da possibilidade e em função dos dados disponíveis, os mesmos gases, setores e fontes de emissão.
A partir dos resultados do inventário e dos cenários, em uma terceira etapa, será possível elaborar proposta de um Plano de Ação Municipal para
Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa, que contemple medidas objetivas a serem realizadas pelo poder municipal para o enfrentamento do problema da geração antropogênica de gases de efeito estufa.
A primeira etapa do projeto foi encerrada em julho último. Na segunda etapa, o prazo para a construção dos cenários é de quatro meses. Já a proposta para o plano de ação está prevista para dois meses.