A Olimpíada Internacional de Biologia ocorrida no último mês de julho foi a prova de que é possível obter sucesso, mesmo com poucos recursos. O Brasil conquistou duas medalhas de bronze, resultado inédito até então, apesar de contar com quase nenhum apoio financeiro. Os alunos Leo Benevides (CE), Rafaell Lima (CE), Luis Usier (SP) e Jean Carlos dos Santos (CE), formaram a delegação brasileira juntamente com Cláudia Russo, coordenadora da Olimpíada Brasileira de Biologia e professora associada da UFRJ, e Rubens Oda, professor do Colégio Pedro II.
Segundo Claudia, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) não possui recursos para apoiar todas as Olimpíadas científicas realizadas no país. “Conseguir apoio estatal tem sido cada vez mais difícil, o que nos leva a tentar buscar um financiamento privado. Este ano, tivemos apoio da empresa Pioneer, que custeou uma das passagens aéreas, e das escolas dos alunos participantes, que forneceram as passagens de seus estudantes”, lamenta a professora.
O apoio das Instituições de Ensino às Olimpíadas é muito importante, pois incentiva os alunos. “O principal objetivo das Olimpíadas de Biologia é motivar os alunos na carreira científica e integrar estudantes e professores das mais diferentes áreas do Brasil” afirma Claudia Russo.
Na região Sudeste, especialmente no Estado do Rio de Janeiro, a participação das escolas tem sido baixa. “Enquanto, em Fortaleza, há duas escolas que sempre participam, no Rio, as escolas de maior tradição não se encaixam no perfil das Olimpíadas, por serem contra a competição. A divulgação do evento também é baixa, o que faz com que muitas escolas nem fiquem sabendo do acontecimento”, informa a coordenadora das Olimpíadas Nacionais.
No entanto, a questão da competição tem importância secundária para as Olimpíadas. O objetivo principal é incentivar o interesse pela Biologia e pelas ciências, de um modo geral. “Geralmente, os alunos que participam já decidiram por Medicina, então, o objetivo de motivar os alunos na carreira científica não ocorre. Estamos pensando em um modo de despertar o interesse dos alunos não apenas pela área clínica, mas também pela pesquisa e pelo ensino”, afirma a professora.
A Biologia tem perdido espaço na grade horária do Ensino Médio, o que revela a necessidade de maior divulgação de eventos científicos como as Olimpíadas. “A carga horária da Biologia tem diminuído de quatro horas por semana para duas horas por semana. Isso denota diminuição da importância da Biologia num futuro em que questões como Genética e Ecologia se mostram cada vez mais iminentes”, informa Claudia.
Com tudo isso, o desempenho do Brasil este ano nas Olimpíadas Internacionais de Biologia foi animador e pode ser superado, se as Instituições de Ensino participarem mais. A seleção para as Olimpíadas Internacionais ocorre através das Olimpíadas Nacionais de Biologia (OBB), que este ano tiveram início em março e finalizaram em julho. As escolas precisam se cadastrar no site da OBB e credenciar seus professores, que receberão a prova e farão a inscrição de seus alunos.
A prova tem trinta questões e é aplicada por professores cadastrados, em um dia determinado pela OBB e seleciona os alunos para a segunda etapa. A segunda prova tem 120 questões e seleciona os quatro primeiros para a Olimpíada Internacional e os quatro seguintes para a Olimpíada Iberoamericana de Biologia, que ocorreu entre os dias 8 e 15 de agosto.
Para mais informações, acesse o site ou os telefones 2562-6397, 2562-9104 e 2562-2148.