Na última segunda-feira, Aloísio Teixeira foi ao auditório Hélio Fraga do Centro de Ciências da Saúde para discutir a posição da universidade no que diz respeito a processo seletivo e cotas.

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Memória

Debate sobre cotas marca visita de Aloisio Teixeira ao CCS

Na última segunda-feira, Aloísio Teixeira foi ao auditório Hélio Fraga do Centro de Ciências da Saúde para discutir a posição da universidade no que diz respeito a processo seletivo e cotas.


Na última segunda-feira (09/08), o auditório Hélio Fraga do Centro de Ciências da Saúde (CCS) recebeu a comunidade acadêmica da UFRJ para discutir a posição da universidade no que diz respeito a processo seletivo e cotas, em sessão extraordinária do conselho de coordenação do CCS.

A mesa foi composta pelo reitor Aloisio Teixeira e a nova decana do CCS professora Maria Fernanda Quintela, que iniciou a sessão e apresentou, junto ao reitor, a proposta da UFRJ de soluções para ingresso de alunos de baixa renda na universidade.

A proposta da reitoria é que 50% das vagas oferecidas em cada curso sejam preenchidas por candidatos selecionados pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu); destas, 20% serão destinadas àqueles cuja renda familiar per capita não exceda um salário mínimo. As demais vagas deverão ser preenchidas por meio de concurso de acesso da UFRJ (vestibular). 

A proposta inclui ainda a gratuidade na taxa de inscrição para concorrer a qualquer uma das modalidades, desde que o candidato esteja inscrito no Enem. Além disso, a Reitoria se compromete disponibilizar cerca de mil netbooks, mil bolsas-auxílio e distribuir mil bilhetes-únicos eletrônicos, a fim de auxiliar os estudantes de menor renda familiar que ingressarem em 2011.

Debate

A partir das propostas apresentadas pela reitoria, a reunião foi aberta para debate. Alunos da UFRJ e membros do DCE apresentaram suas opiniões favoráveis à cota e à adoção do Enem e do SiSU (Sistema de Seleção Unificado) como Esteban, do Centro Acadêmico do Instituto de Física (Caif), que apontou a necessidade na formação de profissionais oriundos de comunidades: “quando o aluno de baixa renda entra na universidade, ao se formar ele voltará à comunidade para prestar serviços e tentar melhorar a situação do local. Melhorar o acesso de alunos de baixa renda na UFRJ é melhorar também a situação das comunidades de onde eles vêm”.

Para Flávia Calé, estudante de História e presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), a UFRJ deve se conectar com as outras universidades do Brasil, a fim de consolidar um sistema de educação federal e, assim, democratizar o acesso: “a universidade pode participar da vida social do país a partir da adoção de 100% do vestibular da UFRJ ao Enem”.

Além dos estudantes, profissionais e professores da UFRJ manifestaram opinião sobre o tema. Ana Maria Ribeiro, presidente da Comissão de Acesso do Conselho de Ensino de Graduação (CEG), se declarou contrária à proposta do reitor e à adoção do Enem/SiSU  e acredita que a escola pública está sendo fortalecida nos últimos anos: “com a adoção do Enem, a universidade pode perder a autonomia na responsabilidade pelo processo seletivo e, portanto, não controlar o nível de qualidade no ensino. Além disso, as provas da UFRJ nunca passaram por escândalos de corrupção, o que pode ocorrer com a adoção do Enem.”

Em oposição à  Ana Maria, o professor do Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (Nutes), Alexandre Brasil, apresentou proposta da congregação de sua unidade, segundo a qual as vagas destinadas a estudantes de escolas públicas estaduais ou municipais somariam 50% das vagas, seja a seleção via Enem ou via vestibular próprio. O professor defendeu também posição pessoal favorável a adoção de cotas raciais: “os dados mostram que 19,8% dos jovens brancos entre 18 e 24 anos estão na universidade. Com os negros esse número diminui em quase três vezes: 6,9%.”

Florence Brasil, da Coordenação de Extensão do CCS apontou a necessidade de um compromisso da universidade com as escolas públicas e apontou a desvalorização do professor como principal impedimento para tornar um aluno de escola pública competitivo no vestibular.

Dentre tantos outros discursos que marcaram a reunião, a decana do CCS se mostrou contrária a qualquer tipo de processo seletivo: “desde a década de 80, quando entrei na UFRJ, sou contrária ao vestibular. Sou favorável à proposta do reitor e não acredito que a adoção do Enem possa prejudicar a UFRJ de alguma maneira ou ser um problema para a autonomia da universidade”, afirmou Maria Fernanda.

Após o debate, o reitor da UFRJ finalizou a sessão concordando com algumas opiniões expostas, como a disponibilização de bônus a alunos de escolas públicas e a efetiva adoção do Enem e das cotas, como melhor forma de democratização do acesso à UFRJ. 

Além disso, Aloísio Teixeira reafirmou a necessidade de apoio para manutenção do aluno na UFRJ através das bolsas e outros auxílios. Ele revelou a situação elitista em que a UFRJ se encontra principalmente nos cursos mais concorridos: “eu percebo, como professor, que há duas ‘UFRJs’, aquela dos cursos concorridos, com alunos de classe alta e que não trabalham, e aquela dos cursos menos disputados, em que temos de ser mais flexíveis, pois os alunos na maioria das vezes trabalham.”