O Instituto de Economia (IE) da UFRJ recebeu, hoje (13/07), o professor Werner Baer, do Departamento de Economia da Universidade de Illinois, Estados Unidos, que fez uma análise sobre o neoliberalismo no Brasil. Para Baer, PhD em Economia pela Universidade de Harvard, o Brasil adotou políticas neoliberais devido a pressões externas. “O Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros órgãos internacionais forçaram o Brasil a adotar o neoliberalismo, utilizando-se da renegociação da dívida externa”, afirmou o palestrante.
O sistema alcançou seu auge no mundo durante a década de 1990 “com a diminuição da intervenção do Estado na economia”, segundo Baer, que prosseguiu com o histórico brasileiro: “a política de privatizações, característica do neoliberalismo, começou com o presidente Fernando Collor, prosseguiu com Itamar Franco e, principalmente, com Fernando Henrique Cardoso.”
De acordo com o acadêmico, a adoção das políticas neoliberais pelos governos brasileiros gerou problemas, como crescimento da economia abaixo do esperado. “A taxa de crescimento foi muito baixa durante os governos de Fernando Henrique e o primeiro mandato de Lula.” Outros dois problemas são tratados por Baer como críticos: “a falta de investimentos em infraestrutura e a concentração de renda, que não mudou.”
O economista lembrou projetos sociais como o Bolsa-Família, mas fez uma ressalva: “O Bolsa-Família melhorou o bem-estar dos mais pobres, mas não mudou a distribuição de renda”. Em seguida, Baer justificou: “o governo gasta por volta de 1% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de tudo o que é produzido no país) com os projetos de assistência, enquanto 7% ou 8% do PIB são gastos com juros das dívidas, cujos credores são os banqueiros”, declarou. Já sobre os investimentos em infraestrutura, o professor ressaltou que “com a preparação para Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016, a infraestrutura será tema principal nas discussões econômicas.”
Mas como solucionar o problema da concentração de renda? Baer aposta na educação. “A mais importante política social e econômica é a de educação, de criação de capital humano. Esse capital é o mais importante do setor de serviços, que representa a maior parte do PIB”, afirmou.
A adoção de políticas neoliberais no Brasil não teve apenas pontos negativos, na opinião de Werner Baer. “O neoliberalismo aumentou a eficiência das empresas, devido à abertura para concorrência externa”, afirmou. O atributo conseguido pelas empresas, segundo o palestrante, também foi retomado pelo Estado: “depois de três ou quatro décadas de economia fechada, ela não podia mais manter sua eficiência, senão com um novo modelo”, concluiu.