Dando continuidade aos debates sobre acesso aos cursos de graduação da UFRJ, o Colégio de Aplicação (CAp) da UFRJ realizou, na última quarta-feira (07/07), encontro para discutir as propostas do Conselho Universitário (Consuni) sobre o tema. Estiveram presentes professores do CAp-UFRJ, além de membros da Comissão de Acesso aos Cursos de Graduação da UFRJ, bem como da Comissão de Acesso do Conselho de Ensino de Graduação (CEG).
Os debates remetem aos anos 1980, quando a democratização do acesso foi abordada e a UFRJ deixou de adotar o modelo Cesganrio, sendo instituídas as provas discursivas para o acesso à universidade. Celina Costa, diretora-geral do CAp-UFRJ, enfatizou que “a mudança emergencial no vestibular, já para o acesso em 2011, precisa ser discutida em todas as unidades da universidade para que haja a implementação definitiva e eficaz de ações afirmativas”. A diretora posicionou-se contra a adoção de cotas e contra a proposta dos 10% das vagas para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação (MEC).
“O CFCH é a favor do colóquio Escola-Universidade”, declarou Marcelo Corrêa e Castro. Segundo o decano do CFCH-UFRJ, o diálogo é fundamental para definir metas e perceber o impacto das mudanças no processo seletivo, assim como foi feito na transição do modelo Cesgranrio para o de provas discursivas. Corrêa e Castro afirmou a necessidade de debater também a formação dos professores, a reformas dos currículos dos cursos de graduação e, assim como Celina Costa, manifestou-se contra a reserva dos 10% das vagas para critério do MEC: “O Sisu-MEC aumenta as medidas autoritárias”, afirmou. Luiz Otávio Langlois também questionou a proposta. De acordo com o coordenador acadêmico do Concurso de Acesso, aceitar a reserva de 10% das vagas para o Sisu-MEC seria “abrir mão da autonomia da universidade”.
Já Ana Maria Ribeiro, presidente da Comissão de Acesso do Conselho de Ensino de Graduação (CEG), discordou dos colegas. “Acredito que os 10% não solucionam, mas servem como um caminho para diminuir o processo de exclusão.” A representante do CEG enfatizou a necessidade da autonomia da universidade na seleção perfil do aluno ingressante, com a importância de haver uma prova da própria universidade, além do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ana Maria acredita que o curso superior não está nos horizontes de muitos estudantes e que é papel da universidade garantir um acesso diferenciado, com possibilidades para esses jovens.
A mudança emergencial serve para que a UFRJ dê uma resposta imediata à sociedade sobre as cotas e as políticas afirmativas de ingresso. “Eu bato palmas para o povo que quer arrombar as nossas portas, eles querem entrar na universidade”, disse Ana Maria Ribeiro, que lembrou ainda a necessidade de realizar políticas de ingresso e de manutenção do aluno de baixa renda, oriundos de escolas públicas, na UFRJ.
Entre os professores do CAp-UFRJ, Marcelo Bueno acredita que “falta uma discussão sobre como melhorar o ensino básico, antes de pensar no ingresso aos cursos superiores”. Alessandra Carvalho, também professora do Colégio, acredita na importância de “cobrar do Governo do Estado uma política de permanência na universidade para os alunos das escolas públicas e não apenas nos processo de entrada”.