A Fifa admitiu repensar o uso da tecnologia em caso de lances duvidosos e promete debater a ideia nos dias 20 e 21 de julho, no País de Gales. Para o professor da Escola de Comunicação Maurício Schleder a resistência à tecnologia significa ignorar que, a cada dia, incorporamos à nossa vida novos conhecimentos.

 

 "> A Fifa admitiu repensar o uso da tecnologia em caso de lances duvidosos e promete debater a ideia nos dias 20 e 21 de julho, no País de Gales. Para o professor da Escola de Comunicação Maurício Schleder a resistência à tecnologia significa ignorar que, a cada dia, incorporamos à nossa vida novos conhecimentos.

 

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As mentiras que o telão conta

A Fifa admitiu repensar o uso da tecnologia em caso de lances duvidosos e promete debater a ideia nos dias 20 e 21 de julho, no País de Gales. Para o professor da Escola de Comunicação Maurício Schleder a resistência à tecnologia significa ignorar que, a cada dia, incorporamos à nossa vida novos conhecimentos.

 

 

 Pouco menos de quatro meses depois de ter votado contra o uso da tecnologia, em caso de lances duvidosos, a Federação Internacional de Futebol (Fifa), órgão máximo do desporto mais popular do mundo, admitiu que pretende repensar a decisão. A declaração foi dada por Joseph Blatter, presidente da entidade, em virtude dos erros de arbitragem cometidos na Copa do Mundo deste ano. Além de prejudicar as equipes, os equívocos expõem os árbitros ao ridículo sem o auxílio para revisão do lance. A Fifa promete debater a ideia em reunião marcada para os dias 20 e 21 de julho, em Cardiff, no País de Gales.

Em declarações anteriores ao início do certame, o dirigente afirmara que o fator humano deveria prevalecer no futebol, alegando que o esporte conviveria bem com possíveis erros. No entanto, alguns episódios polêmicos abalaram as convicções de Blatter. Na partida entre Alemanha e Inglaterra, válida pelas oitavas de final, o árbitro Jorge Larrionda e seu auxiliar Maurício Espinosa não viram que a bola lançada pelo jogador inglês Frank Lampard ultrapassou em 33 centímetros a linha do gol alemão. Já no jogo entre Argentina e México, também pelas oitavas de final, Roberto Rossetti validou um gol do atacante Carlos Tevez em flagrante impedimento. Na ocasião, o telão do estádio Soccer City exibiu a repetição do lance causando revolta nos jogadores mexicanos e constrangimento ao trio de arbitragem.

Para Maurício Schleder, professor da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, a resistência à tecnologia significa ignorar que, a cada dia, incorporamos à nossa vida novos conhecimentos. Para o docente, “cabe avaliar quando é benéfica a utilização de instrumentos para esclarecimento de dúvidas”. O professor, que ministra a disciplina Jornalismo Esportivo, acredita que, no futebol, qualquer sistema que determine com precisão se a bola entrou ou não, tal como o Hawkeye (olho de águia) – utilizado com sucesso em partidas de tênis, rúgbi e críquete – é adequado. Em outras situações, entretanto, como impedimentos, pênaltis e demais lances, Schleder prefere que se deixe por responsabilidade da arbitragem. “O caminho seria uma melhor preparação de quem arbitra”, afirma.

Além disso, o docente enfatiza que as televisões já mostram de todos os ângulos os lances duvidosos e os erros são amplamente divulgados. “Então, nada mais justo do que a implementação da tecnologia, que, além do mais, protegeria o jogo de manipulações de resultados e interesses de terceiros em competições”, analisa.

Ainda, segundo o professor da ECO-UFRJ, os lances duvidosos não devem ser exibidos a fim de preservar o juiz de um julgamento prévio da torcida no estádio. Assim, de acordo com Schleder, “recusar o emprego da tecnologia é antidesportivo”, conclui.