Categorias
Memória

Revista do CFCH: integração em debate

 “Se não recuperarmos a retomada material estaremos perdidos.” A frase de Marcelo Coutinho, professor do curso de Relações Internacionais (RI) da UFRJ, ficou marcada na mesa de abertura da “III Semana de Integração Acadêmica do CFCH”. O evento, que teve como tema “Integração em tempos de fragmentação: desafios para o ensino superior”, foi realizado na última segunda-feira (21/06), no Auditório Professor Manoel Maurício de Albuquerque, no campus da UFRJ na Praia Vermelha. O debate, que também contou com a presença dos professores José Paulo Netto, da Escola de Serviço Social (ESS-UFRJ) e Roberto Leher, da Faculdade de Educação (FE-UFRJ), teve mediação de Marcelo Corrêa e Castro, decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH-UFRJ) e abordou as vertentes de integração e fragmentação tanto no âmbito globo como, no contexto universitário.  Como marca da Semana e aproveitando o mote de integração, o CFCH lançou a “Revista do CFCH”, que, de acordo com o decano, “lutará contra o isolamento dos cursos na universidade”.

Marcelo Coutinho questionou a dinâmica do ensino superior que, com sua estrutura departamentalizada, gera pontos cegos e visões parciais da universidade. Coutinho contextualizou as teorias sistêmicas internas que, segundo ele, só foram modificadas com o colapso da ex-URSS. O trauma foi um divisor de águas, porque a não previsibilidade possibilitou a reação de movimentos regionais, que, ao mesmo tempo, são globais. “Os estudos globais modificaram as Relações Internacionais, sendo pela multidisciplinaridade o caminho de supressão das deficiências e preenchimento dos pontos cegos”, analisou.

Para o docente, “a Universidade vai além do ensino e da atenuação de crises. Oferecer elementos a sociedade que evitem catástrofes aprendendo com o passado é obrigação”, afirma Coutinho, que encontra eco nas palavras de José Paulo Netto. O professor da ESS-UFRJ observou que não se pode idealizar a universidade, ainda mais sendo ela um pólo de condensação de forças renovadoras que, se não forem conjugadas, serão improdutivas e ineficazes. “Para potencializar esse sistema, é preciso juntar as vanguardas sociais às universitárias, ou seja, trazer o social para o meio acadêmico”, propõe.

Para José Paulo Netto, há um vácuo na qualificação cultural, especificamente no âmbito humanista. A identidade social cívica dos profissionais se encontra esquecida, o que invariavelmente promove a degeneração cultural. Ou seja, “estudar sem pesquisar é pular às cegas no vale da barbárie”, compara o especialista, que espera uma retomada material para a aglutinação das forças sociais.

Roberto Leher focou sua fala na reestruturação da universidade, cuja função deve sobrepor a “tecnificação” que conquista o espaço e mina a área da profissionalização. Para o docente, a preocupação epistemológica deve prevalecer sobre a política na reestruturação acadêmica, e, assim “influenciar novas perspectivas disciplinares e romper com a fala pós-moderna de bases flexíveis de disciplina”.

Revista do CFCH

Ilustrando a retomada da crítica acadêmica proposta pelos especialistas, a Revista do CFCH propõe a organização das inúmeras falas do campus e busca ser um espaço de acolhimento da produção acadêmica tanto de docentes como discentes além configurar um artifício para agregar as unidades. De distribuição gratuita, a Revista semestral circulará pelas bibliotecas universitárias e posteriormente ganhará uma versão eletrônica no site do CFCH dando o primeiro passo para a tão sonhada integração.