“É preciso estudar as teorias para entender a lógica do mercado.” A frase do economista Thomas Palley, professor da Universidade de Oxford e representante do projeto “Economia para sociedades democráticas e abertas”, marcou a mesa “Crise financeira e desenvolvimento” do Seminário Internacional “O Estado Desenvolvimentista: Crise e Retomada”, realizada na última sexta-feira (11/06), no Salão Dourado do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ. O evento abordou o papel do Estado na recuperação da economia na pós-crise e os possíveis desdobramentos com as ações estatais.
Palley apontou a política keynesiana como essencial para o resgate das nações envoltas na crise mundial. O papel do neoliberalismo, nos últimos 30 anos, só trouxe prejuízos ao cenário mundial, de acordo com o especialista. O economista considera que "a economia estagnada de hoje é fruto da diminuição da demanda e das políticas atuais sem capacidade sustentável, o que invariavelmente marca o fracasso nas ações de mudanças que persistem no neoliberalismo como resolução".
O docente ressaltou as sucessivas tentativas de implantar um novo New Deal com o Governo Clinton, "que criou as bases dos problemas econômicos de agora”. O especialista culpou a confusão da gerência econômica que não privilegiou a mudança da política econômica, no sentido de privilegiar a capacidade produtiva e de comércio.
Para Ilene Grabel, professora da Universidade de Denver, as atitudes divergentes dos governos mundiais são direcionadas pela “incoerência produtiva, cuja definição é a proliferação de respostas que as instituições unilaterais não deram durante o caos econômico". Confirmando os argumentos de Palley, a docente define o neoliberalismo como uma camisa de força para os países emergentes, ao mostrar que as ideologias que sobreviveram à crise.
Gary Dymski também recordou a figura de Keynes. O Estado está ausente e precisa se transformar e agir para amenizar o revés causado nos últimos tempos. “A crise do sub prime, o afundamento dos megabancos, a crise na Grécia e a recessão financeira de 2010 são amostras do estrago que o estado mínimo originou nos últimos tempos e que clama pela volta de uma política econômica aos moldes keynesianos”, analisa.
Franklin Serrano, professor de economia do Instituto de Economia (IE) da UFRJ, lembrou as parcas condições das pessoas que sofrem com as diretrizes do estado mínimo, que, "ao flexibilizar as leis trabalhistas e a menor oferta de empregos, acaba por minar o consumo e a circulação de capital nos países abrindo campo para estagnação".
Por fim, a professora emérita da UFRJ Maria da Conceição Tavares lembrou a forma como os Estados Unidos afetaram a economia global. “Como necessitam da demanda americana, Japão e Europa ilustram a fragilidade de um sistema de base unilateral. Em conseqüência, economias como a da China e da Índia, mesmo crescendo, tiveram o freio de mão puxado, já que se interligam pela globalização”, resumiu.