A cantora Elza Soares, diva do samba, apresentou-se na terça-feira, 08/06, no Teatro Roxinho do Centro de Ciências da Matemática e da Natureza (CCMN). O show foi uma realização do Centro Cultural Professor Horácio Macedo, que já trouxe para a UFRJ, neste ano, o cantor Luiz Melodia. Elza Soares foi acompanhada pelos violonistas João de Aquino e Gabriel de Aquino.
Toda a apresentação foi pensada com o tema do trabalhador, dos operários e das operárias, segundo Elza. Músicas como “O pedreiro Valdemar” e “O trem atrasou”, sambas de protesto sobre a situação do operário, iniciaram o show, que continuou com o tema, incluindo canções de Chico Buarque, Jorge Aragão e de autoria da própria Elza Soares. Entre estas últimas, uma canção que a sambista fez para seu marido, que também é seu produtor: a música foi um presente para ele no dia do casamento.
A artista que levou de Chico Buarque o título de “dura na queda” rebolou no palco com seu vestido acima do joelho que, segundo ela era um “longo”. A platéia ria e batia palmas a cada comentário da cantora e também do músico João de Aquino. A interação dos dois era forte e deixava divertidas as histórias sobre a vida da cantora. Gabriel de Aquino, filho do músico, assim como o pai, arriscou seus solos no violão.
Apesar de estar ainda se recuperando de uma lesão no tornozelo que ocorreu há cerca de seis meses – conforme sua assessoria noticiou – Elza passou parte do show de pé, sambando, rebolando e até dançando funk para o divertimento do público. Em agosto ou setembro, está previsto o lançamento do seu novo CD, Arrepios. Ele será lançado com selo próprio, criado para atender à cantora: Pivetz. A gravação já está finalizada tem a participação de vários sambistas brasileiros.
Em 2000, Elza Soares foi premiada como “Cantora do Milênio” pela BBC de Londres. A trajetória da cantora, lembrada por ela no palco, e que inclui uma gravidez aos 12 anos, foi árdua. Isso se reflete em suas músicas, que estão sempre retratando a vida das camadas sociais mais baixas. Sobre suas próprias dificuldades, Elza contou sobre as chuvas que aconteciam quando ela morava no bairro Engenho de Dentro, que forçavam sua família a se mudar. Falou de sua gravidez precoce e da necessidade de cedo na vida começar a trabalhar duro. Títulos como esse da BBC só vêm para confirmar a grandiosidade desta cantora que, aos 72 anos, ainda realiza shows altamente performáticos e característicos de sua voz rasgada e seu estilo único.