O Sistema Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) em conjunto com a Escola de Comunicação da UFRJ (ECO), promoveu, na última segunda-feira (14/6), no Auditório Manuel Maurício Albuquerque do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) um encontro de profissionais do meio cinematográfico com estudantes interessados na realização audiovisual. O evento também divulgou o concurso “Curta Criativo 2010”, concurso de curtas-metragens promovido pela Firjan.
Bruno Safadi, diretor e produtor do filme “Meu nome é Dindi” (2007), Vinícius Reis, fundador do Núcleo de Cinema “Nós no Morro”, e Silvia Rabello, presidente da Labocine do Brasil, foram os palestrantes. A mediação foi feita por Maurício Lissovsky, professor e coordenador do Curso de Rádio e TV da ECO-UFRJ.
Os profissionais contaram como iniciaram suas carreiras no cinema e debateram questões que envolvem o meio audiovisual. Segundo Bruno Safadi, “para ingressar neste mercado, é preciso assistir filmes, ler a teoria, mas a prática é fundamental na medida em que é a partir dela que aprendemos com os nossos erros”. Para Vinícius Reis, o cinema é uma atividade coletiva: “ter um grupo já facilita muito a inserção no meio audiovisual. Também é recomendável mandar material para festivais, concursos ou mesmo portais na Internet”, comentou. Maurício Lissovsky declarou que “os concursos são importantes na medida em que estimulam a formação de jovens cineastas e facilitam a inserção dos mesmos no mercado”.
Os recursos necessários para se fazer cinema, bem como o acesso a eles foram discutidos. Safadi defendeu o caráter libertador da tecnologia digital: “cinema é uma arte cara que movimenta muito dinheiro. Com a tecnologia digital, o ‘fazer cinema’ ficou mais fácil e acessível. Hoje é possível ter acesso à praticamente toda cinematografia do mundo com essas novas tecnologias. Os laboratórios contribuem para sofisticar o trabalho”, declarou. A presidente da Labocine observou o grande número de plataformas que vêm surgindo. “Além de facilitarem as produções com menor custo, possibilitam a expressão da criatividade artística. Com poucos recursos e baixo orçamento já é possível ter grande visibilidade hoje”, comentou.
Silvia Rabello destacou ainda a importância de assistir aos filmes brasileiros para tomar conhecimento das novas produções nacionais. “A pouca visibilidade do cinema nacional se deve, em parte, ao pequeno número de salas de exibição. Apenas 9% dos municípios têm cinema no Brasil”, disse. A frase fomentou o debate sobre a dicotomia entre televisão e cinema. Segundo Lissovsky, “é preciso pensar em ‘indústria audiovisual’ e não em ‘indústria de cinema’.” O professor defende que o campo audiovisual não se esgota no cinema. “Esse pensamento restringe o acesso de um contingente significativo de pessoas à linguagem audiovisual. O sistema educacional do país é problemático, de modo que nem 10% da população tem diploma universitário. Não se pode exigir um público sofisticado do ponto de vista da educação formal”, declarou.
Curta Criativo 2010
O concurso de curta-metragens “Curta Criativo 2010” é realizado pelo Sistema Firjan em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RJ). Estão aptos a participar alunos e ex-alunos, com até dois anos de formados, dos cursos de graduação e pós-graduação em Cinema, Design e Comunicação, ou ainda de cursos técnicos e livres em cinema.
Para concorrer, os candidatos deverão produzir um curta-metragem de até 5 minutos com tema livre dentro das categorias animação, ficção ou documentário. As inscrições podem ser realizadas até o dia 5 de julho e o curta deve ser entregue até o dia 31. Mais informações no site do concurso.