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Comportamento durante brincadeiras pode indicar distúrbio

Aquela criança estabanada que não consegue andar de bicicleta ou patins pode ser portadora de distúrbio. Na reportagem da série Por Uma Boa Causa desta semana, o Olhar Vital aborda o Distúrbio das Motricidades Ampla e Fina. Esse problema pode acarretar dificuldades na escrita, na linguagem e na atenção da criança durante o aprendizado.

A Motricidade Ampla está ligada ao desenvolvimento das primeiras ações ligadas ao corpo, como andar, correr, pular. Quando esses movimentos não se manifestam de forma correta, a criança desenvolve dificuldades não só nas atividades amplas como também na Motricidade Fina, essencial para atividades de escrita, por exemplo.

De acordo com Vera Lúcia Vieira de Souza, professora assistente do curso de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da UFRJ, dificuldades na coordenação motora são problemas comuns na infância e podem ser causados por transtornos neurológicos leves.

“As crianças podem apresentar graus de dificuldade bem variados em atividades desse tipo, como abotoar, dar laço, escrever, usar tesoura, agarrar uma bola durante a brincadeira. Cabe ao médico diagnosticar o problema e avaliar se há ou não ligação com problemas físicos, neurológicos ou comportamentais”, explica a professora.

Na escrita, o distúrbio se manifesta através de lentidão, desorganização, letra feia, trabalhos inacabados e dificuldade em algumas disciplinas que exigem organização, como matemática e redação. Para Vera Lúcia, tais sintomas podem trazer outros problemas: “A criança é julgada como desinteressada, evita esportes ou atividades de movimento, afastando-se assim do convívio com crianças da mesma faixa etária. Isso pode afetar seu emocional.”

Identificação e Tratamento

Na maioria dos casos o problema é identificado pela família do portador. É possível perceber diferenças no jeito de brincar, escrever, como problemas com equilíbrio ou dificuldades em trabalhos de casa.

Para Vera, o terapeuta ocupacional é o melhor indicado para o tratamento do distúrbio: “Diante das dificuldades apresentadas pela criança, o terapeuta ocupacional pode indicar estratégias para adaptar as atividades ou diminuir a demanda e orientar as pessoas que lidam com a criança, especialmente familiares e professores.”

O tratamento se baseia no estímulo a novas estratégias para o desenvolvimento das capacidades motoras e sensoriais, com o objetivo de compensar as dificuldades oriundas do transtorno. Esse processo, dependendo do caso, pode contar ou não com o auxílio de profissionais de outras áreas, como um psicólogo.

Ainda de acordo com a terapeuta, não há possibilidade de prevenção para o distúrbio: “Não há conhecimento de alguma técnica de prevenção para o transtorno. O importante é a identificação e o tratamento precoce para diminuir o sofrimento das crianças e de suas famílias.”