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Atores da peça “Festa de separação” debatem o teatro documental

 Na última sexta-feira (18/6), o Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ promoveu um debate com os atores da peça teatral “Festa de separação: um documentário cênico”, no Salão Moniz Aragão. A atriz Janaína Leite e o músico Felipe Teixeira Pinto, o Fepa, estiveram presentes. O mediador do encontro foi o professor Denilson Silva Lopes.

A partir de elementos cênicos e da documentação audiovisual, o projeto foi idealizado e concebido por Janaína e Felipe, que foram casados na vida real. Durante a separação, o casal organizou reuniões festivas com parentes e amigos para colher depoimentos sobre suas experiências pessoais. A peça, dirigida por Luiz Fernando Marques e interpretada pelo próprio casal, transita com frequência entre a realidade e a ficção. Janaína Leite considerou que “a necessidade, enquanto artistas, de traduzir e expressar toda uma reflexão convergiu com a necessidade pessoal de expressar artisticamente aquele momento de separação pelo qual estávamos passando”.

A natureza performática, mas também documental do projeto, foi comentada por Fepa. “Se por um lado somos artistas atuando, por outro lado também estamos ali vivendo a experiência real de uma separação”, contou. “O teatro documental dá margem a uma série de possibilidades estéticas e experiências que permitem repensar questões importantes do teatro. No nosso caso, articulamos uma teorização de cunho filosófico para que o público refletisse, com a nossa intimidade enquanto casal. Esse dado da realidade atravessa o tempo todo a leitura do espectador”, observou. A grande questão das festas, acrescentou Fepa, “era partir de algo privado, da situação real de casamento, para levar as pessoas a uma reflexão própria”.

Janaína Leite destacou a importante relação do cinema com o teatro na peça. “A direção de Luiz Fernando Marques converge com o trabalho de supervisão audiovisual de Evaldo Mocarzel. Esse hibridismo de linguagens, que une elementos cênicos e também documentais, transitando por diferentes plataformas, permite repensar a experiência do teatro”, disse.

A atriz comentou ainda que “o espectador chega no teatro com preconceitos do que é uma peça e do que vai se passar ali. A experiência do documentário cênico é uma experiência teatral que de cara coloca o público em uma outra postura de recepção. A interatividade potencializa as próprias questões do espetáculo, pois o pacto estabelecido e os pressupostos já são outros, e isso se acentua ainda mais quando a peça se trata de uma realidade ressignificada, tratada criativamente”.
“Festa de separação: um documentário cênico” está em cartaz até o próximo domingo (20/6) no Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira 160). Para mais informações, acesse o blog da peça
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