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Palestra debate história afro-brasileira e sua importância na Educação

 A Faculdade de Educação (FE) da UFRJ está recebendo a “XI Semana de Educação da UFRJ – Educação Além do que se vê: (Des)Construindo Identidades”, organizada pelo Centro Acadêmico de Pedagogia. Na palestra da tarde desta terça-feira (08/06), Amilcar Pereira, professor de Ensino em História da FE-UFRJ, trouxe a apresentação “História das lutas dos negros no Brasil: possibilidades e reflexões”, em que explicou a importância do ensino da disciplina e da cultura de matrizes africana e indígena. “É preciso deixar de lado a visão eurocêntrica ensinada nas escolas”, afirma Pereira.

Segundo o docente, um esforço oficial foi feito em 2003. “A Lei 10.639 altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, tornando obrigatório o ensino da história afro-brasileira e, posteriormente, indígena”, lembra o professor. Apesar da promulgação da lei, a versão da História contada na escola pouco foi modificada. “O grande problema é que os profissionais da Educação não estão totalmente capacitados para ensinar esse conteúdo”, argumenta Pereira. “Um exemplo é que a Faculdade de Educação não tem nenhuma disciplina obrigatória que aborde o tema. Os alunos podem se formar sem ver nada relativo ao assunto”, comenta.

Histórico do movimento negro

Amilcar Pereira trouxe também o que chamou de uma “reflexão da história do Brasil”. O professor fez uma retrospectiva do movimento negro brasileiro. “Os referenciais do caso brasileiro não são importados dos Estados Unidos, mas sim, circulam e são partilhados pelos países onde há um movimento negro atuante”, destaca. Como exemplo desta circulação de referenciais, Pereira cita o intercâmbio entre dois jornais de temática negra: o brasileiro “Clarim D’Alvorada”, e o estadunidense “Chicago Defender”, de circulação nacional, ambos publicados da década de 1930.

Enquanto a publicação norte-americana atribuía ao Brasil igualdade nas relações raciais, no que configurava, de acordo com Pereira, um “paraíso racial”, o periódico brasileiro reproduzia matérias relativas ao movimento de reivindicações de direitos da sociedade afro-americana. O professor ilustra, com este caso, sua afirmativa de que, até a década de 1940, “o Brasil mantinha a imagem de país onde os negros eram tratados de forma igualitária”, fato que só foi mudar na década de 1960, “com a cultura black power em alta e a desorganização da mobilização negra no Brasil, graças à ditadura”.

O evento

A “XI Semana de Educação da UFRJ – Educação Além do que se vê: (Des)Construindo Identidades” continua nesta quarta, quinta e sexta-feiras, com oficinas, grupos de discussão e mesas-redondas. Mais informações podem ser obtidas no site da FE-UFRJ. O campus da Praia Vermelha fica localizado na Avenida Pasteur, 250 (fundos) – Urca.

Foto: Bárbara B. Novaes