O evento em comemoração ao “Dia Internacional do Orgulho Nerd”, realizado pela Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, debateu, na última terça-feira (25/05), a série estadunidense Lost, cujo último episódio foi exibido no Brasil nesse mesmo dia. Fãs do seriado lotaram o Salão Moniz de Aragão durante a mesa “Metafísica em Lost, Matrix e Star Wars”. Os debates foram organizados pela professora Cristiane Costa e os alunos da disciplina Jornal Laboratório, com objetivo de divulgar o blog Jornal dos nerds.
Com uma toalha nos ombros, em homenagem ao personagem principal do livro “O guia dos mochileiros das galáxias”, de Douglas Adams, os aficcionados ouviram os comentários dos professores Ieda Tucherman e Henrique Antoun, da escritora Ana Paula Maia, do blogueiro de Carlos Alexandre Monteiro. Autor do blog Lost in lost, Monteiro acredita que a série inaugurou uma nova forma de contar histórias na televisão. “Lost propôs uma narrativa indireta e subjetiva para quem estava acostumado com Coronel Mostarda com a chave-inglesa no banheiro”, opinou. O jornalista começou a comentar os episódios na página de relacionamentos Orkut, em 2004, e foi convidado a escrever uma coluna no blog “Dude, we are Lost”. Não tardou para que a Globo.com o convidasse a ocupar um espaço em seu portal.
Para Ana Paula Maia, a série transcende os relacionamentos, já que os personagens foram escolhidos para a ilha por estarem sozinhos. Monteiro concordou e acrescentou que “Lost é, sobretudo, uma história que mostra a dificuldade de se encontrar na vida”. Segundo o blogueiro, “o final da série deixou claro que a fé venceu. Mas venceu com a ciência como alicerce. É mais sensorial do que intelectual”, explicou. Como Lost não desvendou todos os mistérios, Monteiro constatou que metade dos fãs ficou insatisfeita. “Este não foi o meu caso, gostei muito do final”, opinou.
De acordo com Ieda Tuchman, as séries ajudam a Filosofia. “Matrix é quase uma dupla alegoria da caverna de Platão e da ilha de Lost: é um símbolo do isolamento”, analisou. Ieda também admitiu que a ficção científica passou a ser a melhor maneira de falar do cotidiano, já que a tecnologia já faz parte dele.
Henrique Antoun afirmou que Star Wars foi uma renovação dos filmes de caubói. “George Lucas remete a filmes de faroeste, assim como introduz um pouco do ideário hippie junto com tecnologia”, comentou. O professor classificou Lost como uma série típica do governo Bush. “Americanos fantasiam tudo, mas não conseguem não falar de si mesmos. Lost trata de um acidente, de uma ilha condenada, assim como as torres gêmeas da Era Bush”, disse. “Agora estamos esperando pela série da Era Obama”, completou.