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Fórum lança a série “Passagens”

O Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ lançou, na última quinta-feira (27/05), a primeira parte da série de livros “Passagens”. O evento foi organizado por Beatriz Resende, diretora do FCC-UFRJ e tem como objetivo registrar as palestras promovidas no local.

O professor Alberto Pucheu, da Faculdade de Letras (FL) da UFRJ, e o escritor Silviano Santiago participaram da mesa “A favor do ensaio”. Os dois defenderam o formato ensaístico sob diferentes perspectivas. Santiago citou Adorno para afirmar que “o ensaio é um bastardo”, pois não se apóia em nenhuma forma ou teoria. “O ensaio é baseado em uma grande experiência sobre determinado assunto. É essa experiência que dá ao autor a possibilidade de se sentir capaz de falar sobre algo”, afirmou.

 “Adorno diz que o ensaio é como aprender uma língua estrangeira sem dicionário, e que, de tanto ouvir o mesmo vocábulo várias vezes, acaba entendendo melhor o significado deste do que se tivesse aprendido com ajuda do livro”, lembrou Santiago. Para o escritor, a forma ensaística é bela, exatamente por estar exposta ao erro, pois não tem bases que a sustentem formalmente. “Ensaio, como o próprio nome já diz, é uma tentativa. Pode dar muito errado, mas pode dar muito certo”, analisou.

Para Pucheu, o ensaio é uma forma que pode ser baseada em outras “muletas”, como a Filosofia e a Sociologia, pois a leitura dessas obras tem novas interpretações. “Ninguém lê Platão do mesmo jeito duas vezes”, comparou. Para o docente, a teoria também tem o poder de sensibilizar. “A junção da teoria com a poesia toca a alma, o intelecto e existe no ensaio. O maior exemplo disso, no Brasil, é Euclides da Cunha com Grande Sertão: Veredas”, citou.

O professor debateu sobre a crítica literária como ensaio. “Porque não? Tem-se esse conceito no Brasil de que a crítica literária é apenas um mero intermediador entre o leitor e uma obra. E não é. Ela pode, ao reler uma obra, criar um novo significado acerca desta obra e das experiências do crítico”, concluiu.