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Debate sobre eleições lota auditório

O segundo dia da “V Semana de Integração Acadêmica em comemoração ao mês do Assistente Social”, que lotou o auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), foi aberto com um debate sobre “Sucessão Presidencial: Proposta de Governo para a Questão Social e as Políticas Sociais” e contou com a participação dos professores José Paulo Netto e  Marildo Menegat, ambos da Escola de Serviço Social (ESS) da UFRJ.

Para Menegat, autor dos livros O olho da barbárie e Depois do fim do mundo: a crise da modernidade e a barbárie, nosso cotidiano é marcado por uma profunda crise, da qual não conseguimos tomar ciência. Para o docente, o fato de o Brasil estar na periferia do capitalismo está diretamente relacionado ao fato de a nossa industrialização ter se dado de forma tardia. O professor explicou que “quando quase conseguimos copiar alguns modelos de produção de alguns países centrais nos anos 80, o sistema mudou com o início da Segunda Revolução Industrial”.

Menegat deixou claro que o resultado desse “quase” faz com que tenhamos um lugar subalterno no sistema capitalista, fazendo com que o Brasil desenvolva bolsões de pobreza, onde existe uma força de trabalho que não é absorvida pelo produto do desenvolvimento tecnológico, causando o desemprego estrutural. Para o docente “existem pessoas que desistiram de procurar emprego, porque sabem que não são qualificadas ou porque simplesmente a passagem de ônibus está muito cara”, consequência direta da transformação estrutural que a sociedade vem passando desde os anos 80.

Sobre a sucessão presidencial, José Paulo Netto a definiu como “as eleições mais despolitizadas da história do Brasil” e continuou pedindo que "não menosprezemos a democracia na sua expressão mais formal", mas ressaltou que "essas eleições não vão alterar o bloco de poder”. De acordo com o professor “estamos no limiar da crise estrutural do capital” e acrescentou que “as pessoas que nasceram no meio dessa crise não conseguem imaginar que a realidade poderia ser diferente”. O docente concluiu dizendo que não basta falar em distribuição de renda e desigualdade social. "A solução está na desconcentração de renda", finalizou.