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Reitor concede entrevista à revista Megazine

O reitor Aloisio Teixeira afirmou que considera irreversível a mudança no processo de acesso à universidade e saudou, efusivamente, a decisão do Ministério da Educação de modificar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A declaração se deu durante a entrevista concedida à revista Megazine, do jornal O Globo, abordando temas cruciais para o futuro da universidade como mudanças no concurso de acesso, expansão de vagas para a graduação e mudança de unidades acadêmicas da Praia Vermelha e do Centro para a Cidade Universitária (Ciduni).

Teixeira destacou, porém, que as críticas que o Exame recebeu, quanto ao conteúdo, são válidas e que, no futuro, as universidades deveriam ser chamadas a colaborar na confecção das provas. Para ele, as universidades federais devem se articular de modo a funcionarem, verdadeiramente, como um sistema federal de ensino, superando o antigo ambiente competitivo que fazia com que instituições de alto grau de excelência como a UFRJ fossem vistas como adversárias pelas demais. “Nos últimos anos, temos superado esse paradigma e estamos  buscando o diálogo e a promoção de objetivos e estratégias comuns com as demais universidades federais”, relatou o professor.

Segundo o reitor, não deveria haver uma competição predatória pelos melhores estudantes. “Poderíamos ter um verdadeiro sistema de ensino superior, no qual um estudante de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) pudesse cursar disciplinas na UFRJ, e um estudante nosso pudesse fazer o mesmo na UFF”, propôs.

Em sua avaliação pessoal, o professor Aloisio Teixeira defende que a UFRJ adote o ENEM como única etapa de acesso. Como argumento, compara a classificação do último processo seletivo, pelo modelo atual, e como seria, somente usando o ENEM, a correlação seria muito alta, com a maioria dos estudantes conseguindo classificação em ambos os casos.

Além disso, com a plena adoção do ENEM, o universo de candidatos aumentaria muito. “Todos os formandos do ensino médio seriam, em princípio, candidatos à UFRJ. Isso seria uma grande mudança. Assim, muitos jovens deixariam de evitar o concurso de acesso à UFRJ por receio de fracassarem”, argumenta o reitor.

Novos cursos e o deslocamento dos antigos

Teixeira explicou, ainda aos repórteres da Megazine, que a UFRJ, em seu afã de reestruturar-se e expandir suas atividades, tem criado novos cursos que projetam como será a universidade no futuro. São cursos interdisciplinares, como Relações Internacionais, Ciências da Terra e da Natureza, Saúde Coletiva e Nanotecnologia, que buscam afirmar um novo paradigma acadêmico. O reitor enfatizou que essa não é uma tendência exclusiva da UFRJ e elogiou as iniciativas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Em relação à vinda de unidades acadêmicas para a Cidade Universitária, o reitor destacou que espera que as primeiras a virem possam gerar um “efeito-demonstração” capaz de estimular outros cursos a decidirem pela vinda para a Ciduni. “A construção de novos edifícios na Cidade Universitária pode oferecer condições mais adequadas”, afirmou o reitor, que garantiu que a UFRJ não abandonará nenhum dos prédios que ocupa e continuará a investir na recuperação de todos eles.