A mesa "Mega eventos e políticas urbanas", realizada durante o evento “Intervenções Esportivas no Tecido Urbano”, na última segunda-feira (26/04), reuniu especialistas no Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ. O professor Gilmar Mascarenhas, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) mediou a mesa, que teve como convidados o professor Alberto de Oliveira, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Luiz Martins de Mello, secretário geral da Fundação Universitária José Bonifácio (Fujb).
Os participantes debateram ainda os impactos urbanos necessários para receber grandes eventos e os pontos mais polêmicos do relatório do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) responsável por eleger a cidade junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI). O professor Alberto de Oliveira utilizou os números dos Jogos Pan-Americanos de 2007 para debater as possíveis consequências de uma má administração antes, durante e depois dos jogos. “Os gastos com Educação e Saúde diminuíram durante o período e até hoje continuam abaixo do período pré-jogos”, afirmou.
Luiz Martins de Mello acredita que o grande problema do projeto carioca é não modificar a infraestrutura da cidade. “O projeto faz o contrário do que deveria: ele divide a cidade ao invés de integrá-la”, comentou. Para o secretário, um evento como este poderia modernizar e reutilizar pontos estratégicos do Rio, como o Porto e a Zona Norte. Mello citou o exemplo de Barcelona, em 1992, que “reativou e reutilizou toda a área portuária, toda a parte degradada da cidade”. Para Melo, a Zona Oeste – região que sediará a maior parte das competições – além de distante é um local inapropriado geograficamente. “Estamos falando de um terreno alagadiço. Ou seja, quando chover vai inundar tudo”, questionou.
Os cariocas e a beleza do Rio farão dos Jogos um grande sucesso, de acordo com o dirigente. No entanto, o secretário geral da Fujb destacou que os legados serão deixados para o Rio após o evento. “Uma cidade só está preparada para sediar jogos deste porte quando está preparada para os seus próprios cidadãos”, completou.
Gilmar Mascarenhas expôs alguns legados que a Copa do Mundo de 2014 poderá trazer ao país. “Não há demanda de competições nos locais onde estão sendo construindo os estádios. O caso de Portugal é um exemplo: depois da Eurocopa, já estão até pensando em demolir os estádios construídos”, ilustrou. “O Rio de Janeiro e o Brasil não têm projetos para si mesmos. Como terão para grandes eventos como este?”, indagou.