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Cultura indígena bate à porta

O Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ realizou uma mesa redonda com pesquisadores de povos ameríndios na última sexta-feira (16/4), no Salão Moniz de Aragão. O evento teve como objetivo debater possíveis ações para inserir a cultura indígena no espaço acadêmico. Além disso, os convidados apontaram a necessidade de desmistificar a figura do índio, que ainda é eurocêntrica, segundo os presentes.

“A universidade precisa ter ponte com a sociedade em todos os níveis culturais”, afirmou Giane Lessa, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Giane frisou a importância de trazer textos indígenas para a universidade e mostrou preocupação com o pouco interesse que a Academia tem pelo tema.

A política de cotas não são solução, na opinião de Zeca Ligiero, professor de teatro da UniRio. Para ele, é preciso que haja uma mudança no conteúdo dos currículos universitários. “Com as cotas, o índio entra num universo que não tem nada de semelhante com o dele, é exótico num local que deveria acolhê-lo”, opinou.

Giane afirmou que a imagem que a sociedade tem do índio é romantizada e está de acordo com o olhar dos colonizadores. “É uma história de violência e até hoje é assim”, comentou. Ligiero acredita que há certa omissão dos historiadores ao narrarem apenas um lado da história e afirmou ser preciso “descolonizar o olhar”.

De acordo com Ana Paula da Silva, historiadora e pesquisadora da UniRio, não existe nenhum livro escrito por índios sendo vendido no Brasil. Giane alertou para a importância da arte plumária para a cultura nacional. “Não temos o conhecimento supremo, podemos aprender muito com outras culturas, principalmente com essa que está tão próxima”, disse.