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Colaboração ao Haiti e ao Rio de Janeiro é tema de debate

Ocorreu na última sexta feira (16/04), no Centro de Tecnologia, o debate “Melhores formas para colaboração internacional ao Haiti”, realizado pela Comissão dos Centros Acadêmicos da UFRJ. O debate teve como objetivo reunir opiniões de diversos especialistas que pudessem dialogar com os calouros da Universidade, público principal do evento.

André Avelar, professor do laboratório de Geo-hidroecologia da UFRJ, e o jornalista Rafael Freire iniciaram o debate contextualizando a situação do Haiti após o terremoto: “A infraestrutura e o ensino precários são grandes dificuldades para o auxílio ao Haiti”, afirma Avelar. O pesquisador relacionou os últimos acontecimentos no país à catástrofe que atingiu o Rio de Janeiro na primeira quinzena de abril. Para ele, as instituições públicas necessitam de vasto apoio, pois ainda apresentam uma estrutura bastante danificada por causa das chuvas. Avelar afirmou ainda que a população deve agir e reivindicar políticas públicas para minimizar os danos causados pelas chuvas: “Devemos cobrar das classes políticas um investimento mais incisivo”, concluiu. Rafael Freire também traçou um panorama entre Haiti e Rio de Janeiro: “Durante as enchentes no Rio, cerca de 300 pessoas morreram; no Haiti tivemos aproximadamente 230 mil óbitos. Ou seja, aqui uma cidade parou porém, lá fora, uma nação inteira morreu.”

José Maria de Almeida, coordenador da Conlutas (Central Nacional de Lutas), traçou um panorama histórico do país, citando o cerco econômico francês que até hoje acontece em meio aos interesses de grandes empresas francesas do ramo de bebidas, estadunidenses e até mesmo brasileiras. Afirmou também que são necessários investimentos para reerguer o país, projetos em saúde e moradia. “Tudo o que vemos é dinheiro para assegurar tropas estrangeiras. Não foram construídas casas e hospitais.”

O evento contou também com a presença do coronel Pessoa, comandante geral da missão brasileira no Haiti (Minustah). O militar esclareceu a importância das forças armadas no território haitiano e as necessidades do país no momento atual: “Eles precisam é de empregos, não precisam de discursos inflamados”, afirma Pessoa. O comandante apresentou fotos da missão brasileira no Haiti e se emocionou ao citar a maciça ajuda brasileira na pavimentação, drenagem, patrulha na fronteira e ações humanitárias no país. O último debatedor foi o diplomata brasileiro André Costa, que afirmou que as guerras civis são uma espécie de “regra geral” na realidade pobre do Haiti. Sobre as últimas catástrofes naturais no Haiti e no Rio de Janeiro, declarou: “Sem dúvidas a humanidade sobreviverá. O problema não são as catástrofes, é o processo civilizatório”, concluiu.