Categorias
Memória

A desconcentração industrial brasileira

O professor João Sabóia, do Instituto de Economia (IE) da UFRJ, apresentou seu trabalho “A continuidade do processo de desconcentração regional da indústria brasileira nos anos 2000”, no Seminário de Pesquisa da última terça-feira (13/4). Analisando a indústria de transformação e a extrativa mineral, Sabóia afirmou que existe um processo de “desconcentração concentrada”. No entanto, o docente se mostrou otimista no que se refere à redução da desigualdade regional em termos industriais.

O processo de desconcentração da indústria nacional continuou de modo intenso nos anos 2000. Sabóia apontou um deslocamento acentuado em direção ao interior das regiões Sul e Sudeste. “A indústria mudou, deixando os grandes centros sem se distanciar das regiões mais desenvolvidas”, afirmou. Em menor escala, outro movimento observado foi para o interior do Nordeste e do Centro-Oeste.

De acordo com o Sabóia, São Paulo sofreu o esvaziamento industrial mais acentuado das regiões metropolitanas. Logo atrás vêm Rio de Janeiro, Bahia e Porto Alegre, que também apresentaram quedas. A região Sul, entretanto, foi a mais beneficiada. “Houve destaque nas mesorregiões do Sul, principalmente em Santa Catarina”, explicou Sabóia.

Aglomerações excessivamente grandes, problemas ambientais, maior organização dos trabalhadores e salários mais elevados podem ter influenciado negativamente novos investimentos na indústria nas grandes metrópoles. Em contrapartida, o professor apontou as vantagens fiscais, de infraestrutura e disponibilidade de mão-de-obra como elementos de atração do interior.

Para Sabóia, a tendência encontrada em sua pesquisa indica que a desigualdade entre as regiões está diminuindo. “A dispersão industrial gera uma desconcentração no número de empregos e nos salários”, concluiu.