Para professor de Geotecnia Francisco Lopes (Coppe-UFRJ), as autoridades evitariam mortes e transtornos com as chuvas se usassem os meios de comunicação para alertar a população como ocorre no exterior.


 

">Para professor de Geotecnia Francisco Lopes (Coppe-UFRJ), as autoridades evitariam mortes e transtornos com as chuvas se usassem os meios de comunicação para alertar a população como ocorre no exterior.


 

">
Categorias
Memória

Alerta à população previne transtornos com chuvas

Para professor de Geotecnia Francisco Lopes (Coppe-UFRJ), as autoridades evitariam mortes e transtornos com as chuvas se usassem os meios de comunicação para alertar a população como ocorre no exterior.


 

As perdas de vidas e os transtornos causados pelas chuvas na região metropolitana do Rio de Janeiro poderiam ter sido evitados se as autoridades públicas tivessem usado os meios de comunicação para alertar à população sobre o potencial destrutivo da tempestade que durou mais de 12 horas, de acordo com o professor de Geotecnia Francisco Lopes, do Instituto Alberto Luiz de Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ (Coppe-UFRJ), que comentou, no início da tarde desta terça-feira (6/4), o temporal que desabou sobre a capital fluminense e cidades vizinhas.

“Desde ontem, o site do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostrava que uma frente fria vinha do litoral norte de São Paulo e que atingiria a cidade do Rio de Janeiro com chuvas de mais de 20 mm por hora. Mas eu não tive conhecimento de nenhum alerta emitido – com antecedência – nem pela prefeitura nem pelo governo estadual para preparar a população”, afirmou ele, que acrescentou : “Os alertas veiculados pelo radio foram feitos já com a chuva forte acontecendo, e pediam às pessoas para sair de áreas de risco. Mas isso já era tarde…”

Para Francisco Lopes, com as alterações climáticas estreitando o tempo de recorrência — intervalo em que se espera a repetição ¬— de fenômenos como o que ocorreu, já é preciso adquirir equipamentos, como radares meteorológicos, e uma sintonia melhor das autoridades com os meios de comunicação. “Devemos ter como referência os países do hemisfério norte, que, diante da iminência de nevascas, informam à sociedade como proceder. Se uma tempestade de neve é esperada para cair à tarde, por exemplo, as aulas só acontecerão pela manhã”, exemplificou.

Do ponto de vista dele, dividiram-se em dois tipos os problemas enfrentados pela população: os alagamentos e os deslizamentos de encostas. Em relação ao primeiro, embora a abrangência seja maior, pois os deslocamentos de milhares de pessoas são comprometidos pelas paralisações no tráfego, ele é de baixa ou nenhuma letalidade. Melhorias no sistema de drenagem e conscientização da população para evitar sujar as vias públicas ajudariam. Já os deslizamentos de encostas, que matam pessoas que vivem em morros, são restritos a grupos sociais menores. O município do Rio de Janeiro conta desde a década de 1960 com a Fundação Geo-Rio, mas o Estado já demanda um órgão capaz de estender esse serviço a outros municípios. “Cerca da metade das mortes já anunciadas aconteceram em Niterói e São Gonçalo”, lembrou.

Embora admita que a coincidência com a maré alta e a intensidade do temporal foram excepcionais, ele insiste na melhoria de estruturas que preparem a sociedade para enfrentar as catástrofes naturais. “O Brasil tem poucos radares meteorológicos e, ao que me conste, pertencentes à Aeronáutica. É preciso adquirir mais equipamentos, ampliando e melhorando o sistema de prevenção existente, como o Alerta Rio, com o uso dos meios de comunicação. Com a evolução desfavorável do clima, para as pessoas, é fundamental que isso ocorra”, finalizou.