Em clima de Copa do Mundo, ministro compara Lula a Pelé e afirma que país já é capaz de dizer não às políticas desfavoráveis antes impostas pelos Estados desenvolvidos.

 

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Memória

Celso Amorim compara Lula a Pelé em aula inaugural da Coppe

Em clima de Copa do Mundo, ministro compara Lula a Pelé e afirma que país já é capaz de dizer não às políticas desfavoráveis antes impostas pelos Estados desenvolvidos.

 

Já em clima de Copa do Mundo, o ministro das relações exteriores do Brasil, Celso Amorim, deixou de lado a modéstia durante a aula inaugural do Instituto Alberto Luiz de Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe-UFRJ) na manhã desta segunda-feira (5/4) e cobriu de elogios a política externa comandada por ele e pelo presidente Lula ao longo dos quase sete anos e meio de governo, comparando o presidente a Pelé.

Ao ser questionado se a política externa brasileira era reflexo da política em si ou da atuação do presidente, o ministro respondeu: “Pelé só teve um, mas o Brasil continuou sendo campeão do mundo.” O chanceler brasileiro definiu a participação do Brasil nas decisões atuais do mundo dizendo que “não há discussão no mundo em que o Brasil não ocupe lugar central.” A exceção, segundo ele, é o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

O ministro acredita que uma reforma no Conselho de Segurança da ONU de fato acontecerá, apesar de toda a complexidade existente em tamanha mudança. Ele afirma que não é mais possível tomar decisões mundiais apenas com base na opinião dos países que eram potências após a Segunda Guerra Mundial e que até mesmo essas nações notam o disparate.

Celso Amorim falou sobre a capacidade que o Brasil adquiriu, juntamente com outros países em desenvolvimento, de dizer não às políticas impostas pelos Estados desenvolvidos, quando elas não eram favoráveis a nós. Um exemplo disso foi a conferência de Cancun em 2003, parte da rodada de Doha, na qual o Brasil brigou pelo fim dos subsídios agrícolas e, com o apoio de outros países em desenvolvimento, rejeitou o acordo proposto pelas nações mais ricas. Já o fracasso da rodada de Doha em 2008, o ministro atribuiu ao fato de o governo norte-americano de George Bush estar no final e a Índia estar em período de eleições naquele momento.

Segundo o chanceler, a força que há na América do Sul, a posição ao lado da Rússia, da Índia e da China para formar o bloco dos países com economia em crescimento (Bric) e o fato de ter iniciativas bem recebidas internacionalmente tornaram o Brasil apto a organizar, ainda em 2003, o G20 — grupo de países emergentes que se reuniram para discutir suas posições e torná-las conjuntas na Organização Mundial do Comércio (OMC). “A OMC nunca mais voltará a ser a mesma” afirmou o chanceler brasileiro, referindo-se às conquistas brasileiras junto aos outros países em desenvolvimento.

Exemplos espalhados pelo planeta

Completando o balanço da atuação do governo Lula na área de política externa, o chanceler tratou da relação comercial que o Brasil mantém hoje com a China, seu maior parceiro, e com a África, quarto maior parceiro. Apesar de achar que em 2010 os Estados Unidos voltarão à posição número um em trocas comerciais com o Brasil, ele lembra que a China e a África provam que o Brasil consegue, atualmente, se relacionar com um maior leque de nações. Os aviões da Embraer que compõem a frota da Arábia Saudita e do Egito, assim como os ônibus que rodam no Qatar, todos brasileiros, são outros exemplos.

A plateia questionou a posição do Brasil em relação à proliferação de armas nucleares. Segundo Celso Amorim, o fato de o Brasil não ter armas nucleares não o torna menos ouvido, pois “não há mais justificativa moral, ética e política” para esse tipo de armamento. Ele defendeu não só a não proliferação, mas também o desarmamento dos países que já possuem armas nucleares. Ele informa que alguns passos já estão sendo dados, como o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start, em inglês), entre a Rússia e os Estados Unidos. A renovação desse acordo no mês passado (o Start surgiu em 1991) reduz o arsenal nuclear dos dois países a  um terço.

O reitor Aloisio Teixeira, que lembrou a aula magna proferida por Celso Amorim em 2004, logo no início do governo Lula, participou do encerramento da aula inaugural. Teixeira disse que, naquele momento, o único campo que ele sabia que daria certo era o das relações exteriores e, por isso, havia convidado Celso Amorim para ser o palestrante. No início da palestra, o próprio Amorim avisara que hoje vinha para trazer resultados, ao contrário de sua palestra em 2004. O reitor ainda expôs seu convite ao ministro para que ele se torne professor do jovem curso de Relações Internacionais da UFRJ ao fim de seus trabalhos no ministério.