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Serviço Social debate “Ilha das Flores”

A Escola de Serviço Social (ESS) da UFRJ exibiu o documentário “Ilha das Flores”, de Jorge Furtado, nesta terça (30/3), como parte das atividades do seu “trote solidário”. Após a exibição, a professora Mariléia Inoue e a aluna do 7º período, Luciana da Silva Leite, debateram questões como liberdade, religião e capitalismo com os alunos presentes.

No filme, crianças e mulheres residentes da Ilha das Flores (Porto Alegre, RS) se alimentam dos restos de lixo desprezados pelos porcos. Além de telencéfalo desenvolvido e polegar opositor, a diferença entre esses seres humanos e os animais com quem disputam comida é que estes últimos têm donos, não são livres. “Essas pessoas têm liberdade? Existe liberdade quando não se tem escolha?”, perguntou Luciana.

Com a ajuda dos alunos, as debatedoras concluíram que a liberdade é condicionada pelo dinheiro. “Até mesmo a Dona Anete, senhora de classe média, tem limitações, não pode comprar uma fábrica”, explicou Mariléia. Desse modo, outra questão ficou no ar: se Ilha das Flores fica no Brasil, o país é de fato democrático?

Logo no início do curta-metragem, Jorge Furtado coloca a frase “Deus não existe”. Mariléia classificou essa atitude como uma forma de provocação para que a platéia reflita se é possível haver um Deus em meio a tanta desgraça. A professora também afirmou ser impossível querer que os valores morais da Igreja sejam respeitados em um local como a ilha. “Onde não há escolhas, não dá para cobrar os valores morais que conhecemos”, explicou.

Mariléia destacou o fato de que os homens não aparecem recolhendo lixo como as mulheres e crianças, mas trabalhando nas mais diversas funções. “Os homens são mostrados em posições privilegiadas, no âmbito do trabalho, da família, etc.”, afirmou.

Após a sessão, os alunos deixaram a sala instigados pelas reflexões que o filme propôs. “Depois que vi, toda vez que vou jogar um tomate fora fico pensando para onde vai, se alguém vai comê-lo”, disse a estudante.