Exposição “Memória Seletiva: Objetos Descartados em Nova Função”, de Leonardo Leoni, acontece até o dia 26 no espaço EBA7.

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Memória

Lixo ou arte: exposição discute valores

Exposição “Memória Seletiva: Objetos Descartados em Nova Função”, de Leonardo Leoni, acontece até o dia 26 no espaço EBA7.

 De 22 a 26 de março acontece no espaço EBA7 a exposição “Memória Seletiva: Objetos Descartados em Nova Função”, de Leonardo Leoni. A mostra é composta apenas com materiais descartados.

Leoni, de 25 anos, recém-formado pela Escola de Belas-Artes da UFRJ, afirma que a ideia surgiu em meio às dificuldades enfrentadas para elaborar os projetos da faculdade. “O material era muito caro, então fui adaptando. Não tinha certa tinta, eu usava pigmento, terra, cola. Assim, acabei estudando um pouco mais sobre essa questão da ‘cozinha’ da pintura. Dentro das próprias aulas, em Teoria da Pintura, aprendemos a elaboração dos materiais”, explica Leonardo.

O artista plástico usa como suportes, na sua primeira exposição individual, telhas, madeiras e papelão. Cada material exige uma técnica singular: “Na telha, por exemplo, usei a raspagem. Em outros, trabalhei com fuligem de vela, queimando o material. Vou sempre usando a própria matéria do suporte e o que ele me oferece como recurso estético”, conta.

Leoni enxerga uma possível mudança em relação à materialidade do objeto na visão popular: “Na verdade, não transformo o material em outro. Apenas obedeço ao que ele tem a me oferecer ali, modificando o juízo de valores que as pessoas dão. Era lixo, mas agora é arte. Espero que o público entenda realmente a mensagem que eu tento passar com esse trabalho.”

O artista faz uma avaliação sobre o mercado de trabalho da arte nacional: “O mercado é complicado porque você sai daqui sem expectativas. Atualmente estou trabalhando com monitoria em museus, mas é temporário. Viver de arte hoje em dia é muito difícil, principalmente para quem não tem uma boa situação financeira. Uma pessoa do subúrbio, por exemplo, muitas vezes fica presa ao estilo de arte ligado ao subúrbio, não consegue sair desse eixo e entrar naquele que realmente vende, que vai para as grandes galerias. O sistema de arte ainda é muito elitizado”, destaca.

Leonardo fala ainda sobre a importância do EBA7, sala de exposição destinada aos estudantes da faculdade: “É uma janela para os novos alunos verem o trabalho de quem já está no final. Às vezes você entra e não tem um espelho próximo, ficando muito preso a artistas de séculos atrás. Mas a realidade é outra”, conclui.

O espaço fica na Avenida Pedro Calmon, 550, Edifício da Reitoria, 7º andar. A entrada é franca.