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Memória

Pela fartura de peixes

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apresentou à opinião pública proposta de criação do Monumento Natural das Ilhas Cagarras, que protegeria integralmente apenas as áreas emersas da região litorânea entre o Leme e o Pontal. No restante do espaço aquático a prática da pesca e outras atividades humanas estariam permitidas, desde que não houvesse dano à biodiversidade do local. Em evento realizado quinta-feira (04/03), no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, representantes do Instituto defenderam a ação em nome dos atributos biológicos únicos e da beleza cênica do Arquipélago das Cagarras.

De acordo com vídeo apresentado, outras áreas protegidas no Brasil, como as dos municípios de Corumbau, na Bahia, e Tamandaré, em Pernambuco, já conseguiram recuperar a biodiversidade de seus ambientes aquáticos a partir da iniciativa e hoje conciliam com eficiência os interesses do Meio Ambiente e o da população local. No território brasileiro, que possui uma das maiores áreas costeiras do mundo, 800 mil empregos são gerados através da pesca e 4 milhões de pessoas vivem, direta ou indiretamente, dessa atividade.

Para Eduardo Godoy e Rosana D’arrigo, do ICMBio, a criação do Monumento Natural das Ilhas Cagarras conservará a vida marinha da região, além de propiciar a fartura de peixes para todos os tipos de pescadores. “Ao determinar o fechamento de uma região à pesca, a disposição natural é que as espécies ocupem essa área e se reproduzam ali”, explicaram. “Dessa forma, em pouco tempo, elas naturalmente migrarão para outras áreas, já que a população local irá aumentar significativamente”, garantiram os pesquisadores.

E é essa migração, para as “zonas de amortecimento”, localizadas no entorno da unidade de conservação ambiental, que permitiria a permanência da pescaria de forma abundante, sem atrapalhar o ganha-pão ou a diversão de ninguém. “Nossa proposta busca chegar a um consenso para que nenhum grupo se sinta prejudicado”, afirmaram os representantes da ICMBio. “O importante é desenvolver o uso sustentável do habitat marinho e proteger a beleza das Ilhas Cagarras, para que a nossa biodiversidade, que é única no mundo todo, não seja ainda mais ameaçada”, concluíram.