Federico Neiburg, da Antropologia Social, estuda a articulação do espaço nacional haitiano.

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Memória

Professor da UFRJ coordena pesquisa no Haiti

Federico Neiburg, da Antropologia Social, estuda a articulação do espaço nacional haitiano.

A tragédia que assola o Haiti há uma semana mobiliza todo o mundo. País que lidera a missão de paz das Organizações das Nações Unidas no país, o Brasil desempenha papel fundamental no episódio. É para estudar a articulação do espaço nacional haitiano que o professor Federico Neiburg, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRJ, coordena uma pesquisa na ilha caribenha. Neiburg estabeleceu uma parceria com o grupo de pesquisa da Universidade de Campinas (Unicamp), pelo professor Omar Ribeiro Thomaz e seis estudantes.

O docente da UFRJ revela que, apesar de haver duas equipes distintas, uma coordenada por ele próprio e outra, por Thomaz, ambos trabalham pelo mesmo objetivo: pesquisar a articulação do espaço nacional haitiano. “Nós estamos fazendo pesquisas no Haiti coordenadamente, somos muito parceiros“, revela. Neiburg explica que projeto teve início há três anos e, já em 2007, havia contribuído para a fundação de um Instituto Interuniversitário de Pesquisa e Desenvolvimento no país, com o auxílio de colegas locais.

Enquanto o grupo da Unicamp já retorna, a equipe da UFRJ permanecerá no Haiti. O professor conta que a tragédia deve exigir que a agenda de pesquisa seja redefinida e que tentarão contribuir, modestamente, com a reconstrução do país fazendo o que eles sabem: pesquisa na área social e formação de jovens haitianos. “Nós temos alunos haitianos que, esperamos, façam mestrado e doutorado no Brasil. Estamos formando pessoas para que sejam úteis para a reconstrução do país”, destaca. O projeto conta com pesquisadores seniors, pós-doutorandos, doutorandos, mestrandos e bolsistas de iniciação científica, além de alunos da Faculdade de Etnologia da Universidade do Estado do Haiti.

Entenda

O Haiti, pequeno país situado em uma ilha na América Central, tem sua história marcada pela instabilidade política, inúmeros conflitos civis e pelo maior índice de pobreza do hemisfério – tão miserável quanto o Afeganistão e o Timor Leste. Famoso por ter sido o primeiro país do mundo a abolir a escravidão, o “irmão negro renegado da América” não encontra muitos motivos para comemorar: o país, que possui cerca de 45% de sua população analfabeta, sofreu, no dia 12 de janeiro, um terremoto de magnitude 7 na escala Richter, que destruiu, pelo menos 20% do território.

Estima-se que o abalo tenha resultado em 100 mil mortos e 300 mil desabrigados. Dentre as vítimas fatais estão, ao menos, 18 brasileiros, a grande maioria de militares. Isto porque, desde 2004, o Haiti vive sob cuidados da Minustah (Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti), criada pelo Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de restaurar a ordem o país. Liderada pelo exército brasileiro, as forças de paz conseguiram reduzir, significativamente, os índices de violência no país, nos últimos anos.