De Porto Alegre – Marina Silva foi o destaque da programação do Fórum Social Mundial, na capital gaúcha, na tarde desta quinta, dia 28. A senadora pelo Partido Verde do Acre debateu ao lado do sociólogo português Boaventura Santos, na mesa “Novos parâmetros de desenvolvimento”, realizada no Armazém 6 do Cais do Porto.
A parlamentar decretou o fim do modelo neoliberal, baseada no atual desequilíbrio ambiental e na crise econômica, que, para ela, não é de agora. Marina citou números divulgados recentemente, segundo os quais um aumento de 1,5ºC na temperatura média da Terra inviabilizará as condições de vida humana no planeta. Uma outra estatística apresentada pela senadora revela que existem hoje 20% da população mundial vivendo abaixo da linha de pobreza. “O mundo só agora percebeu que estamos vivendo uma crise. Mas isto só aconteceu porque a bolha atingiu o coração do capitalismo mundial: os Estados Unidos”, afirmou.
O conceito de sustentabilidade é, de acordo com a ambientalista, maior do que simplesmente aquele relacionado ao meio ambiente. Segundo ela, além da sustentabilidade ambiental, há a sustentabilidade cultural, “ligada à diversidade de todas as formas de manifestação do fazer humano”; e a sustentabilidade ética, “que é a base de tudo. É a ética que faz com que essa geração se conecte com as gerações vindouras”.
Fazendo coro ao conceito de conhecimento científico aliado ao conhecimento popular, Marina Silva aposta em uma aliança entre os diversos setores sociais para a solução para a atual crise. “As respostas não virão apenas de um lado, mas sim da convergência entre os movimentos sociais, os políticos, empresários, trabalhadores, intelectuais etc.”, apontou.
A senadora ilustrou o conceito com uma alegoria de sua infância no Acre. “Quando eu era criança, sabíamos que o antídoto para picada de cobra estava na seiva de uma determinada planta. Aprendemos isso através da tradição indígena e os índios, por sua vez, aprenderam com o camaleão. Sempre que este animal era mordido por uma serpente, comia um naco deste vegetal e ficava curado. Estou dizendo isso para exemplificar que o aparente paradoxo entre o saber científico e o saber popular deve ser reinterpretado como a resposta para muitas das nossas perguntas”, concluiu.