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Diagnóstico precoce evita mortes por câncer de estômago

Finalizando a série do Por uma boa causa de dezembro, sobre exames preventivos contra diferentes tipos de câncer, abordamos nesta edição a endoscopia digestiva. “Trata-se de um exame para diagnosticar o câncer de estômago, pois permite, além da visualização do tumor, a biópsia, essencial para a identificação da doença”, explica Eduardo Côrtes, oncologista e coordenador do Núcleo de Pesquisa em Câncer (NPC) do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da UFRJ.

No Brasil, o câncer de estômago aparece em terceiro lugar entre os tipos de câncer que mais atingem os homens, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Já em relação às mulheres, é o quinto tipo mais frequente. Cerca de 65% dos pacientes diagnosticados com câncer de estômago possuem mais de 50 anos. O pico de incidência se dá em sua maioria em homens, por volta dos 70 anos de idade.

Também denominada câncer gástrico, a doença vem aparecendo com menor incidência ao redor do mundo, especialmente nos Estados Unidos, Inglaterra e outros países desenvolvidos. A alta mortalidade é registrada atualmente na América Latina, principalmente na Costa Rica, Chile e Colômbia. Porém, o maior número de casos de câncer de estômago ocorre no Japão, onde existem 780 casos por 100.000 habitantes.

Segundo Côrtes, o exame preventivo pode ser feito ambulatorialmente. “Consiste na introdução de um aparelho até o estômago, permitindo também a observação do esôfago. O endoscopista, médico responsável pelo exame, é capaz de ver todo o esôfago, estômago e duodeno, podendo diagnosticar um grande número de doenças durante o procedimento”, aponta. Já a biópsia, que consiste na retirada de um fragmento para exame microscópico, pode levar alguns dias até que seja processada e examinada pelo patologista, de acordo com Eduardo Côrtes.

“A endoscopia é um exame que, na maioria das vezes, é simples e sem complicações. Um médico saberá indicar este exame, que só deve ser feito sob critérios corretos. Em alguns países que apresentam alta incidência de câncer de estômago, como o Japão, a endoscopia digestiva é feita preventivamente para o diagnóstico precoce”, informa o oncologista.

O médico afirma que o exame não é doloroso. “Apresenta algum desconforto, mas nada que não seja razoavelmente tolerável. Milhares de pessoas no mundo todo são submetidas à endoscopia digestiva semanalmente”, observa.

“O diagnóstico precoce de câncer de estômago e esôfago, feito com a utilização da endoscopia, com certeza já salvou e salva muitas vidas”, garante Eduardo. Segundo ele, a falta de um diagnóstico quando o tumor ainda não se disseminou para outros lugares do corpo também contribui para uma mortalidade mais precoce, causada pela doença. “Retardar o diagnóstico por falta da disponibilização de exames adequados faz com que o paciente perca a oportunidade curativa de sua doença”, conclui Côrtes