Para discutir as interações entre Antártica e América Latina no ambiente marinho, o VI Simpósio Internacional em Ecologia trouxe pesquisadores de todo o mundo para o Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) nessa quinta-feira (5/11). O evento permitiu a divulgação dos resultados de diversas pesquisas realizadas sobre o tema.
Durante a palestra de abertura, o professor Jesse Ausubel, da Alfred P. Sloan Foundation (USA), apresentou alguns resultados do Censo da Vida Marinha (CoML, em inglês), que analisa a diversidade da vida marinha, distribuição e abundância. O estudo também procura espécies marítimas ainda não descobertas na área próxima à Antártica. De acordo com o palestrante, muitas áreas nessa região nunca foram exploradas, deixando desconhecida grande diversidade de animais.
Outro objetivo da pesquisa é investigar as mudanças na fauna previamente conhecidas. O professor Ausubel explica que há registros históricos provando que o tamanho dos peixes tem diminuído, e algumas previsões dizem que no futuro o mar será povoado majoritariamente por animais de pequeno porte.
O censo conta com a colaboração de diversas equipes de pesquisa, sendo as localizadas no Caribe, na América central, América do Sul e Antártica as mais ativas. As equipes são distribuídas em variados hábitats, com algumas especializadas em alguns grupos taxonômicos, como plânctons, ou predadores.
Animais grandes e pequenos
O estudo teve seu foco dividido entre os grandes animais marítimos, como baleias, focas e tubarões, e as formas de vida microscópica, e obteve alguns resultados além dos esperados. Durante a monitoração de focas para determinar sua rota migratória, foram coletados alguns dados sobre massas de água e correntes, colaborando com a melhor compreensão da estrutura física ao redor do continente antártico.
Para o estudo das formas de vidas microscópicas foram coletadas diferentes amostras de água, nas quais diferentes espécimes de micróbios foram encontrados. Todos esses espécimes foram analisados geneticamente a fim de traçar semelhanças e diferenças genéticas entre eles. Os resultados foram apresentados nos diagramas Klee, inspirados pela obra do pintor Paul Klee. Nesses diagramas, as diferenças e semelhanças entre as espécies são representadas através de cores.
A utilização dos resultados
Apesar de a pesquisa só terminar em 2010, seus resultados já estão causando mudanças práticas na preservação de espécies marítimas. Uma rota marítima que partia da cidade de Boston teve seu trajeto modificado depois que o estudo provou que ela passava por uma área com grande quantidade de vida marinha a ser preservada. Jesse Ausubel espera que os mapas desenvolvidos durante o estudo levem à melhor preservação da vida marinha.
Ao fim da palestra, o professor afirmou que ainda há muitas regiões a serem exploradas e um dos desafios da pesquisa é transmitir de maneira eficiente ao grande público o conhecimento gerado.