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As inovações da bioenergia em debate

Na sexta-feira (27/11), o Instituto de Economia da UFRJ (IE/UFRJ) promoveu o II Workshop Infosucro, no Fórum de Ciência e Cultura da universidade. O evento discutiu as inovações tecnológicas e temas ligados à bioenergia e propôs diversas abordagens sobre a produção e exportação de açúcar, etanol e vegetais oleaginosos — os prováveis combustíveis do futuro.

Estiveram presentes ao evento os representantes de empresas que se destacam na área, como a Dedini, a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar) e a Amyris. Professores e pesquisadores da Universidade de Campinas, da UFRJ e da francesa Picardie Jules Verne também participaram do workshop.
 
A química dos biocombustíveis
 
Luciana di Ciero, representante da Amyris de São Paulo, defendeu a continuidade de pesquisas de produção de biocombustíveis hidrocarbonados. O petróleo, principal produto dessa matéria-prima, é gerado através de diversas alterações químicas na cadeia molecular, requerendo grandes gastos energéticos e econômicos.

O que ela propõe, no entanto, é a geração de energia através da fermentação de hidrocarbonetos. Segundo Luciana di Cicero, o processo mais comum de geração de energia é mais caro do que o baseado na manipulação de microrganismos anaeróbicos, como o que vem sendo desenvolvido pela Amyris. A planta Artemísia, cultivada na China e na África, é a principal matéria-prima. Gera, dentre outras coisas, o aminoácido artemisina.

Através das pesquisas, ainda em andamento, são produzidos diesel, querosene, detergentes e produtos de aviação de modo menos custoso e poluente. Além disso, um medicamento antimalária que recebe artemisina na composição é distribuído gratuitamente na África, onde, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença mata uma criança a cada 30 segundos.

No evento, alguns palestrantes propuseram outros biocombustíveis. Foi o caso de Marcelo Menossi, do Laboratório de Genoma Funcional de Plantas, da Unicamp (LGF), que teve o desenvolvimento do etanol de cana-de-açúcar como tema da apresentação. Mais do que o mero cultivo, Menossi defende a necessidade de que as descobertas genéticas brasileiras sejam patenteadas.

Segundo ele, apesar de o Brasil destacar-se nas publicações oficiais, teria grande dificuldade nas questões de propriedade intelectual. “É uma anomalia que a Unicamp seja a universidade que mais deposita patentes por ano”, diz, afirmando que o país tem como se tornar uma autoridade na área, pois já contaria com tecnologia genética, pessoal e matéria-prima apropriados.