Categorias
Memória

Mais investimentos e menos burocracia

O segundo dia do seminário internacional “Promovendo Respostas Estratégicas à Globalização”, que ocorre no Salão Pedro Calmon do Campus Praia Vermelha, começou com o debate “Variedades do Capitalismo e o Estado”. Na mesa presidida pelo professor João Sabóia, do Instituto de Economia da UFRJ, as propostas mais relevantes foram de Ben Ross Schneider (Massachussets Institute of Technolgy). Completando o time de palestrantes, os pesquisadores Charles Pessanha (PPED/IE), Eli Diniz (INCT-PPED) e o argentino Vicente Pindano.

Em um bom português, Ben Ross criticou os baixos investimentos executados pelas multinacionais na América Latina e alta rotatividade dos profissionais entre empregos e serviços. Nessa região, a cada três anos pessoas mudam de emprego, contra quase seis no resto do mundo. Para ele, essa conduta leva as empresas a não investir na qualificação de seu pessoal. Afirmou que reformas isoladas não contribuem para o aprimoramento do capitalismo: “Você não pode fazer investimento em educação e capital humano se não tiver estratégias de desenvolvimento para criação de empregos para essas pessoas qualificadas”. E concluiu apresentando suas soluções. Deve-se cobrar do setor privado mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento e da esfera pública incentivo à exportação de serviços.

Já Charles Pessanha e Vicente Pindano basearam suas explanações nas relações de Brasil e Argentina, os dois principais países do cone sul. O brasileiro, que recém iniciou um estudo comparativo entre os aparatos judiciários de cada país, deixou transparecer que a burocratização deste sistema interfere no bom funcionamento do Estado. Como dados, citou que o Conselho Nacional de Justiça tem 15 membros, os quais a maioria foi indicada corporativamente, enquanto seu equivalente portenho tem 13, indicados de forma política. Explicou que esses órgãos são recentes instrumentos democráticos de controle de poder.

O argentino Vicente Pindano centrou sua argumentação no distanciamento cada vez maior do cenário político-econômico das nações em questão e na forma como os governos lidam com o sistema da economia. Enquanto na Argentina se pratica um “capitalismo de amigos”, no Brasil de Lula começa a surgir o neodesenvolvimentismo. Como causas desta situação, enumerou: solidez de resultados no período das reformas neoliberais no Brasil; desestruturação do sistema partidário argentino; e  diferentes graus de liberdade propiciados e praticados por ambos.

O seminário segue até  sexta-feira (06/11) com apresentação de palestras e debates. O Salão Pedro Calmon fica na avenida Pasteur, 250/2º andar – Praia Vermelha.