Discutir a chamada “Indústria Verde” é o objetivo do V UFRJ Ambientável, que começou nessa terça-feira (20/10). Organizado pelos alunos de graduação do curso de Engenharia Ambiental, o evento traz para o auditório do bloco A do Centro de Tecnologias (CT/UFRJ) palestras, mesas-redondas e exibição de filmes, a fim de discutir como a produção industrial afeta o meio ambiente.
No primeiro dia, o professor-doutor Roberto Villas Bôas, pesquisador titular do Centro de Tecnologia Mineral do Ministério de Ciência e Tecnologia (CETEM/MCT), abriu o debate com os alunos e apresentou os desafios pertinentes ao desenvolvimento sustentável. Segundo ele, desenvolvimento sustentável é um compromisso político que foi assumido pelo G7, mas que não contou com a adesão de todos os países-membros. “Mas mesmo sem a adesão total dos Estados Unidos, membro do G7, o conceito foi tão vitorioso que até hoje nós o discutimos”, afirmou.
De acordo com Villas Bôas, o desenvolvimento sustentável envolve a mudança do paradigma de consumo, da qual faz parte o controle populacional. “O capitalismo não promove o controle populacional, pois ele carreta a diminuição do consumo. Mas, por outro lado, a China foi o único país que fez o controle populacional e, no entanto, é o maior produtor/consumidor”, comentou. O palestrante apresentou ainda os quatro objetivos que devem ser alcançados para o desenvolvimento sustentável. “Nós devemos atingir alguns `‘mínimos’ e ‘máximos’ para chegar à sustentabilidade”, disse.
Mudança de hábito
Para o professor, devemos chegar ao mínimo de massas envolvidas em qualquer produção e em qualquer processo. Isso seria válido também para a sociedade. “A redução de massas é indispensável na mineração, mas é aplicável também à sociedade. O último relatório do IBGE divulgou que o maior problema no Brasil não é a fome, e sim a obesidade, gerada pelo consumo de supérfluos. Precisamos modificar esse hábito de consumo”, salientou.
Outro mínimo a ser atingido é o de consumo de energia. Isso não significa consumir menos, mas consumir de maneira mais eficiente. “Na produção de metais, o alumínio é o que possui o consumo mais eficiente de energia. Ele não é o que menos utiliza, mas o que consome de maneira mais eficiente. As fontes de energia também precisam ser levadas em conta. A energia nuclear é a mais eficiente, caso se queria evitar o efeito estufa, mas ela produz resíduos perigosos. É preciso escolher a melhor dependendo do caso”, explicou Villas Bôas.
De acordo com o professor, também é necessário que haja a minimização dos impactos ambientais. “Nós, engenheiros, sabemos que não há como evitar os impactos ambientais da atividade industrial, mas é possível reduzi-los. É possível usar os dejetos de um processo como matéria-prima para outro”, afirmou.
O último pilar da sustentabilidade apresentado foi a maximização da satisfação social. Villas Bôas explica que essa satisfação passa por diversos contextos e depende da cultura local. “Um dos contextos é ordenamento no território. Isso significa ordenar as atividades agrícolas com a atividade política e a atividade industrial, e isso já vem sendo feito no Brasil e no mundo”, concluiu.
O V UFRJ Ambientável acontece do dia 20 ao dia 22/10, no auditório do bloco A do CT/UFRJ.