O painel “Prática de Automedicação ou Oferta de Medicamento sem Prescrição para Crianças e Adolescentes” foi apresentado nesta quarta (7/10) no corredor principal do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ. As autoras do estudo são Thaila Rodrigues Pereira e Deborah Zylberberg Livi, ambas alunas do 7º período da Faculdade de Medicina (FM) da UFRJ.
De acordo com o trabalho, a automedicação é uma prática frequente entre adultos com cefaléia (dor de cabeça) e poucos artigos abordam o assunto da oferta de medicação sem receita na faixa etária pediátrica. As pesquisadoras realizaram um estudo observacional descritivo nos ambulatórios do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) da UFRJ com crianças e adolescentes em consulta com responsáveis, que recebiam um questionário.
“O que nos motivou a fazer o trabalho é o fato de a cefaleia ser uma das queixas mais comuns em consultas e ambulatórios. Inclusive é algo muito desvalorizado em crianças. Normalmente é a queixa de fim de consulta”, relata Deborah. Segundo ela, a pesquisa verificou as características da automedicação e oferta de medicamentos contra as cefaleias nas crianças e, para isso, usou um grupo controle, o de dor abdominal. “Verificamos a diferença de automedicação entre esses dois grupos”, aponta ela.
Como resultado, foi encontrado elevado percentual de uso de sintomáticos sem receita médica em crianças, particularmente naquelas com cefaléia. Este fato pode contribuir com a cronificação do sintoma, levando à cefaleia por abuso de analgésico. “Como é um sintoma muito menos valorizado do que outros na infância, existe mais automedicação. Uma nova perspectiva disso é que a cefaleia deve ser buscada na anamnese dirigida pelos pediatras, para que possa haver o tratamento correto, e não com subdoses, como acontece na automedicação”, conclui Thaila Pereira.