Durante o debate realizado na última quinta, dia 1o, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos discorreu sobre o grande crescimento do eleitorado brasileiro nas últimas décadas, a corrupção e a obrigatoriedade do voto no primeiro encontro do ciclo “O Brasil e o Contexto Mundial”. O evento foi promovido pelo Fórum COPPE de Ciência, Tecnologia e Humanidades.
Wanderley Guilherme dos Santos, que falou sobre o tema “A Reforma Política: fim dos partidos ou da concorrência política?”, é professor titular de Teoria Política da UFRJ e membro fundador do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, o IUPERJ.
“É impossível ter um sistema que impeça a corrupção”, afirmou Wanderley Guilherme dos Santos, destacando que o necessário é um sistema de punição mais eficiente já que não existe um modo de prever a corrupção. Para Santos, “o sistema eleitoral só filtra preferência, não filtra caráter”.
Santos comentou os equívocos que nos levam a acreditar que algumas nações europeias, como Alemanha, França e Itália, são consideradas democracias tradicionais. Para ele esses países sofreram momentos de grande instabilidade política no século XX, como o fato de que só depois da segunda Guerra Mundial o voto feminino foi liberado. E na Suíça, outro país considerado avançadamente democrático, o direito ao voto só foi concedido às mulheres em 1974.
Crescimento do eleitorado e obrigatoriedade do voto
O professor, graduado em Filosofia e Ph.D em Ciência Política pela Universidade de Stanford (EUA) vê com otimismo o grande crescimento do eleitorado brasileiro entre os anos 50 e 2002. Na região Centro-Oeste, em 1950 apenas 20% da população eram eleitores, em 2002, 78,97% da população tinham título de eleitor.
Quando foi perguntado sobre a obrigatoriedade do voto, Santos defendeu a atitude. Para ele a obrigatoriedade é simbólica, já que a multa é irrisória. A falta de uma formação cívica de qualidade nas escolas faz necessária essa obrigatoriedade. Para o professor, os políticos é que são penalizados por esse fato, já que os partidos precisam buscar um grande número de eleitores e responder a eles depois de eleitos.
No mês de novembro o convidado será o Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. O evento, no auditório da COPPE, Bloco G, sala 120 do Centro de Tecnologia, tem entrada franca e não é necessário se inscrever.