O pesquisador Felipe Silveira Marques, do Departamento de Prioridades do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), afirmou nessa terça-feira (27/10) que os países latino-americanos estão perdendo espaço no mercado internacional, enquanto outros países emergentes continuam crescendo industrialmente. A declaração foi feita durante a apresentação do trabalho “A América Latina e a Internacionalização do Mercado de Serviços: o caso da indústria de software”, parte dos seminários de pesquisa organizados pelo Instituto de Economia (IE) da UFRJ.
Segundo Felipe, as empresas latinas permanecem muito presas ao próprio comércio e perdem a chance de vender também seus produtos no exterior. Em comparação com países do segundo escalão econômico-industrial, como Irlanda, Índia e Israel, ficou evidente que a América Latina ainda não soube aproveitar o potencial de seus serviços. “Os resultados da região são bastante positivos internamente, mas no que diz respeito ao mercado mundial ainda ficamos devendo. Os indianos, por exemplo, comercializam com mais de 30 países desenvolvidos. Nós, não passamos nem de 15”, afirmou.
Para melhorar tal posicionamento, foram sugeridos dois caminhos pelo pesquisador: atrair centros de exportação de serviços de empresas multinacionais e internacionalizar empresas locais. Para tanto, porém, é preciso investir na formação de pessoal técnico capacitado. “A ausência de profissionais com requisitos qualificacionais tem dificultado o desenvolvimento dessa indústria. Fluência no idioma inglês é o mínimo que se pode exigir”, ressaltou.
No caso específico dos serviços oferecidos a partir de softwares, as reduzidas barreiras tributárias seriam um incentivo, mas ainda assim há um baixo aproveitamento por parte do empresariado latino-americano. Na opinião de Paulo Bastos Tigres, professor titular do IE e supervisor da pesquisa, a Índia é novamente o melhor exemplo para isso. “Eles (os indianos) não vendem simplesmente softwares, vendem serviços habilitados por tecnologia de informação, na forma de software”, explicou.