A utilização de lodo de esgoto para recuperação e enriquecimento de solos na agricultura tem eficácia comprovada cientificamente. Porém, caso contenha poluentes como metais pesados, agentes patogênicos ou compostos orgânicos persistentes, o método pode contaminar o solo e os lençóis freáticos, como demonstrou o aluno de Geologia Bruno Cruz, que apresentou na sexta-feira (9/10) uma pesquisa sobre a contaminação por zinco onde o processo foi utilizado.
Orientado por Helena Polivanov e Renata de Carvalho Jimenez Alamino, Bruno coletou amostras de Latossolo e Chernossolo da região metropolitana do Rio de Janeiro e do lodo utilizado no condicionamento de solos para análise química. “O cloreto de bário percorreu as amostras e, no final, nós recolhemos o líquido para analisar a concentração de zinco presente nos lixiviados”, explicou Bruno.
Nessa fase da pesquisa, o estudante encontrou no lodo nutrientes necessários para o desenvolvimento da flora, como nitrogênio, fósforo e potássio, matéria orgânica e uma concentração de zinco maior que a permitida pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para solos. Nas amostras de solo, Bruno encontrou concentrações de zinco muito próximas do valor-limite estipulado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
“Apesar de tornar-se disponível rapidamente, o que seria um problema para contenção de plumas de contaminação, as concentrações de zinco, na proporção utilizada nesse ensaio, não ultrapassam os limites estipulados pelo CONAMA para águas usadas na criação de animais; porém, consistiria em contaminação para água de consumo humano ou para irrigação de lavouras. Por isso, a utilização de lodo para enriquecimento do solo deve se dar com muita cautela”, explicou Bruno.