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Um novo olhar fotográfico sobre a realidade comunitária

“Fotografia e leitura crítica: o poder transformador da imagem” foi o tema do trabalho apresentado pelos pesquisadores do LECC – Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária, nesta terça-feira (6/10), dentro da Jornada de Iniciação Científica, Artística e Cultural, realizada pela UFRJ. Realçando a função comunicativa que a fotografia possui, capaz de gerar sentimentos e opiniões subjetivas aos olhos dos que veem, Alessandra Coutinho, Michel Schettert e Nathália Ronfini debateram o assunto na Escola de Comunicação (ECO) da universidade.

O enfoque do trabalho foi o desenvolvimento de um novo olhar, mais aprofundado e menos estereotipado, sobre as imagens produzidas a partir do dia a dia vivido dentro das favelas. Como meio de comunicação, a fotografia pode trazer um leitura crítica que não transmita apenas o que se está acostumado a ver sobre esses lugares, como imagens do tráfico e da violência. Ela pode trazer também novos pensamentos, acompanhados da representação do vínculo social que esses moradores estabelecem com a comunidade em que vivem.

Entrevistado para a realização do trabalho, o professor de fotojornalismo da ECO Dante Gastaldoni, que também é responsável pela Escola de Fotógrafos Popular da Maré, destacou que o projeto dirigido por ele tem como objetivo formar novos profissionais com uma visão contra-hegemônica, ou seja, que não siga simplesmente a mesma linha fotográfica adotada pela grande mídia. Muitas vezes, o imaginário construído pelos grandes veículos é tão forte que as próprias pessoas inseridas naquele contexto passam a se identificar com o estereótipo criado para elas.

De acordo com os pesquisadores, o fotógrafo Ratão Diniz, formado pela escola da Maré, é o maior exemplo de combate a isso. Através de suas fotografias, que buscam uma desconstrução das ideias pré-formuladas sobre as favelas, ele traz também reflexões que permitem que o espectador analise por outros ângulos a cena que observa. O despertar crítico provoca o abandono de uma posição passiva diante da imagem, e proporciona a criação de um sentido próprio, diferente para cada pessoa.