Giuseppe Cocco debateu as novas condições culturais e econômicas mundiais.

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Teórico italiano discute Capitalismo Cognitivo

Giuseppe Cocco debateu as novas condições culturais e econômicas mundiais.

O curso de Cultura Digital e Capitalismo Cognitivo, oferecido pela Escola de Comunicação da UFRJ, promoveu, na quarta-feira (9/9), mais uma palestra para discutir as novas condições culturais e econômicas mundiais. O convidado foi Giuseppe Cocco, teórico italiano e professor da Escola de Serviço Social, que procurou debater como é constituída a dinâmica capitalista nos dias de hoje.

Para ele, é essencial analisar as estruturas da economia contemporânea a partir de uma reflexão acerca da crise financeira global, iniciada no ano passado, da atual organização do trabalho e da cultura brasileira e mundial.

A crise

Ao se pensar na recente crise, tem-se noção de que suas consequências não se restringiram ao âmbito financeiro nem atingiu a população de forma homogênea. Seus impactos foram sentidos pela cultura, pelos serviços, pela política e pela sociedade civil em geral. É possível fazer uma analogia com a crise de 29, que culminou na quebra da bolsa de Nova Iorque e na consequente recessão mundial. A diferença é que, na época, o mundo vivia uma crise em decorrência de uma superprodução, em que os operários não tinham condições de consumir o que produziam.

“Agora, trata-se de uma crise dentro da própria riqueza, que não consegue ser bem distribuída”, argumenta Giuseppe. Ele explica que o mercado imobiliário norte-americano foi o grande propulsor desse período negativo. Diferente do que aconteceu há 80 anos, os operários agora compram suas moradias, mas baseados no sistema de crédito. O resultado é que os endividados não conseguem pagar suas dívidas e acabam quebrando toda a economia.

Capitalismo desregulamentado

Segundo o professor, estamos diante de uma crise de governança, gerada por um novo capitalismo desregulamentado, sem divisão nas etapas de produção e reprodução. Para se comprovar essa teoria, basta analisar o processo de agregação de valor. Antes, o valor de um bem industrial era definido por seu custo de produção mais o tempo aplicado. Hoje, não faz mais sentido pensar dessa maneira.

“A dimensão simbólica e comunicativa tornou-se tão importante quanto a funcional”, ele garante. A agregação de valor, para o italiano, passa a ser desvinculada do produto material, relacionando-se a elementos cognitivos. Um claro exemplo são as marcas. As empresas são caracterizadas por produzirem formas de vida. E nesse novo contexto, as relações de trabalho também mudam. Não se fala mais de emprego, mas de empregabilidade. Não basta ser um trabalhador, é preciso ter mais especificações para tornar-se único e empregável. “A cultura vem ocupando papel cada vez mais central na economia mundial e negar esse fato é ignorar todas as mudanças por que o mundo passa”, defende Cocco.