O encontro ocorrido no Instituto de Economia da UFRJ nesta quarta-feira (02/09) trouxe especialistas para debaterem os novos rumos da economia durante o “II seminário sobre políticas de inovação em tempos difíceis”, organizado por Antonio Barros de Castro, professor da UFRJ e ex-presidente do BNDES, e por Adriano Proença, professor e pesquisador da COPPE/UFRJ. O evento, que teve início às 9 horas, aconteceu no salão Pedro Calmon, do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.
Julio Cesar Gomes de Almeida, professor da Unicamp, fez um balanço geral do comportamento da economia brasileira durante o período de crise, além de apontar algumas direções a serem seguidas pelo mercado. Segundo ele, “a crise não foi pequena porque foi uma crise de confiança”, em que se perdeu crédito e credibilidade, porém o Brasil teve uma boa resistência econômica. Como as crises da década de 90 teriam sido muito curtas e de superação muito rápida, “não tínhamos condição de testar a nossa resistência, mas dessa vez pudemos testá-la”, complementou.
Se havia dúvidas quanto ao caráter da crise no Brasil, Julio Cesar não se restringiu a poucas palavras: “A crise foi principalmente industrial, se tínhamos uma produção industrial de cem, em três meses de crise a produção caiu para oitenta”, definiu. Porém, ao traçar uma linha de como vem se reerguendo a economia, elogiando a capacidade regenerativa dessa mesma indústria, Julio Cesar afirmou que “se continuarmos a produção como estamos agora, até o fim de 2009 voltaremos a cem”.
Elogio ao “keynesianismo estrutural”
Ao analisar os motivos de o Brasil ter sido tão pouco afetado pela crise, o professor destacou os fortes investimentos realizados pelo governo, citando programas como o PAC. “Foi o nosso ‘keynesianismo’ estrutural que nos segurou e não deixou a crise se espalhar por toda economia”, afirmou. Porém, em poucos minutos, realçava o outro lado da moeda, criticando a altíssima cobrança de impostos pelo governo brasileiro.
“Os nossos encargos trabalhistas e nossos tributos são violentamente redutores de competitividade”, alertou, apontando para uma forte necessidade de reformulação do sistema tributário nacional. Segundo ele, será difícil o Brasil entrar para a competição internacional quando se trata de produtos secundários com essa taxa de tributos. “Por que o Brasil é competitivo na produção primária e não é na secundária?”, questionou. Completou a exposição dizendo que “o Brasil está se especializando em criar um sistema tributário que precisa ser repensado de forma radical”. Mas ainda fez uma ressalva positiva: “A crise ajudou a tornar nossas empresas mais fortes”.
O seminário, que continua nesta quinta (03/09), a partir das 9h, é realizado pelo INCT/PPED e MINDS/IE/UFRJ. Os interessados em mais informações podem contatar o organizador do evento, Antonio Barros de Castro, pelo telefone 2539-6436 ou pelo e-mail abarroscastro@gmail.com.