A Casa da Ciência da UFRJ abriu suas portas, nesta sexta-feira (18/09), para a apresentação do documentário Chama Verequete, promovido pelo Cineclube Galinho de Quintino (CGQ). Inspirado no bairro do subúrbio carioca, que tem por característica uma forte representatividade das manifestações culturais e religiosas do Rio, o projeto cineclubista tem como objetivo a exibição de filmes com temáticas populares, em locais onde não há muitas salas de cinema.
A escolha do filme em questão, que em 2002 ganhou o prêmio de Melhor Música do Festival de Curitiba e ainda recebeu menção honrosa no Festival de Gramado, não poderia ter mais a ver com a ideologia do CGQ. Baseado no legado deixado por Augusto Gomes Rodrigues, mais conhecido como Mestre Verequete, para a cultura popular do Pará, o documentário de Luiz Arnaldo Campos e Rogério Parreira retrata a história do Carimbó, ritmo de raiz do estado, de origem negra.
Principal difusor do gênero musical, Verequete, que como muitos brasileiros deixou o meio rural em direção aos grandes centros, foi responsável também por contextualizar o Carimbó em Belém, capital do Pará. “Junto com sua migração, o Rei do Carimbó levou consigo também uma retradução de sua memória cabocla para o meio urbano, onde o movimento ganhou outras influências, como a indígena”, explicou Nicolas Alexandria Pinheiro, antropólogo e coordenador do CGQ.
A narrativa ficcional do documentário, aliada ao seu caráter biográfico, deixou claro aos espectadores do cineclube que, apesar dos esforços das autoridades locais para evitar a propagação de uma cultura não-erudita no início do século passado, as manifestações populares sempre sobrevivem. “Podemos ver isso pela primeira frase do filme — ‘O Carimbó nunca morreu, o Carimbó nunca morreu’’ -—, repetida por Verequete exaustivamente e comprovada na seqüência”, opinou Nicolas.
Ao final da exibição, as alunas da Escola de Dança da UFRJ, Márcia Cassaro e Viviane Ramos, que também fazem parte do Projeto de Extensão da UFRJ Folcloriar, apresentaram uma oficina sobre o ritmo do Carimbó. Vestidas com trajes típicos e executando passos do gênero paraense, elas ajudaram a realizar o desejo de Mestre Verequete, transmitindo os conhecimentos sobre a cultura popular que ele semeou.