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A família as drogas são tema de palestra na UFRJ

O Centro de Estudos Professor Martinho Rocha do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) promove o ciclo de palestras “As quatro estações”.

Keli Rodrigues, cientista social do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e Rogério Barros Terto, especialista em terapia de família, foram convidados a ministrar, dentro desse ciclo, a palestra “Os descaminhos: drogas e delinqüência.” A apresentação ocorreu quinta feira (17), no anfiteatro nobre do IPPMG, na Cidade Universitária.

Os palestrantes especializaram-se no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro e relataram sua experiência no tratamento de familiares e de pacientes viciados em drogas e álcool. Um dos casos que acompanharam foi usado para exemplificar seu trabalho, nessa família havia apenas dois membros, chamados de Maria e João, nomes fictícios.

Maria é uma mãe super-protetora e ex viciada em maconha, João é seu filho protegido que conheceu as drogas primeiro através da maconha, com o consentimento da mãe, e que acabou se viciando em cocaína e álcool. Ele não trabalha e tem seu vício sustentado pela mãe, apesar desta afirmar que deseja que ele pare de usar drogas.

O método utilizado para o tratamento psicológico das famílias é o construcionismo social e consiste em inicialmente oito sessões, que podem ser prorrogadas de acordo com a necessidade e vontade do paciente. Este método se divide em três etapas: na primeira parte um dos psicólogos conversa com a família e o outro só observa, na segunda etapa os dois especialistas conversam sobre o caso entre si, mas família não pode se manifestar apesar de permanecer na sala como ouvinte. Na parte final a família é requisitada a participar da conversa e expor sua opinião sobre o que acabou de ouvir.

No caso de Maria e João, após o tratamento foi conseguido que ele largasse o vício de cocaína e álcool e voltasse a trabalhar e namorar, porém não largou a maconha. Maria conseguiu ficar menos super-protetora em relação ao filho. Apesar da permanência de João como usuário de maconha a experiência pode ser considerada bem sucedida porque o método de trabalho adotado pelos especialistas é baseado na redução de danos, ou seja, tentar minimizar ao máximo os problemas causados pela droga e tornar viável a vida do paciente e das pessoas que o cercam.

O tratamento, segundo os psicólogos, deve ser feito levando em consideração as necessidades e particularidades do paciente. O apoio familiar se faz imprescindível na recuperação, que também pode contar com o uso de medicamentos, além da ajuda psicológica.“A recuperação é um tratamento de longo prazo, requer boa vontade e dedicação de todos os envolvidos no processo”, conclui Keli.