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II Semana Meio a Meios discute Jornalismo 2.0

A II Semana de Jornalismo da UFRJ, Meio a Meios, abriu suas atividades, nessa segunda-feira (14/9) com o tema Jornalismo 2.0. O foco da discussão foi repensar os novos rumos do jornalismo, na era das redes digitais que se pautam sobre a interatividade e o colaborativismo.

Cresce a cada dia o debate sobre as consequências da atual organização comunicacional que a internet proporciona. Teóricos como Jesus Martin Barbero constroem, na própria rede, um duelo de opiniões sobre esse novo meio de comunicação. De um lado aqueles que acreditam na democracia cibernética e de outro, os que consideram essa promessa nada mais que uma utopia, como é o caso do pensador. Essa discussão não ficou de fora da primeira mesa-redonda do evento, que contou com a participação de diversos jornalistas e criadores de blogs.

Francisco Valdean, morador do Complexo da Maré e estudante de Ciências Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), é autor do blog Cotidiano (http://valldean.blogspot.com), que trata de relatos sobre a vida na comunidade. Ele garante que a internet, agora, permite maior participação das pessoas em geral e esse é um fato positivo. “Nós temos que entender que toda a Comunicação está mudando. As novas tecnologias, presentes até nos celulares multifuncionais, permitem que exponhamos variados cotidianos, que antes não eram vistos pela grande mídia”, confessa.

Colaboração e interação

O termo “2.0” remete à dualidade na construção dos conteúdos dessa nova internet. Apesar de ser uma expressão cada vez mais comum entre os internautas, poucos compreendem o seu verdadeiro sentido. Isso acontece porque as pessoas ainda estão passando por essa mudança e aprendendo a lidar com as potencialidades dessas novas ferramentas.

Para André Dahmer, desenhista e autor das tirinhas Os Malvados (http://www.malvados.com.br/), a maior contribuição dessa nova internet está no fato de a informação agora ser distribuída horizontalmente, de igual para igual. O público interage com as redes e a mídia passa a entender que deve levar em consideração o que esse mesmo público quer. 

A Web 2.0 permite dar voz a quem nunca teve, mas que deveria ser considerado o grande alvo, que são os leitores e receptores em geral. E o interessante é que, nesse novo contexto, ninguém é especialista —– confessa Thiago Camelo, colaborador do site Overmundo, que divulga conteúdos sobre cultura brasileira alternativa.

Novo jornalismo

“O jornalismo morreu.” Essa afirmação de Pedro Markun, diretor do Jornal de Debates (http://blog.markun.com.br/), já traduz a nova visão sobre o que é ser jornalista nos dias de hoje. Ele, que também é jornalista, afirma que não se trata de dizer que esses profissionais perderam sua importância. Pelo contrário, a comunicação se torna cada vez mais essencial nessa nova realidade. Segundo ele, temos em mãos uma ferramenta capaz de rivalizar os grandes veículos de comunicação e proporcionar democracia, à medida que são articulados protestos e mobilizações com muito mais facilidade, à medida que cada um pode colaborar e procurar informações da maneira que preferir.
 
— O mundo está muito mais dinâmico. Participar efetivamente ou não de suas novas configurações é uma escolha. Mas o que todos precisam ter em mente é que entender o funcionamento dessas novas ferramentas é essencial, ou você estará em outro mundo. A rede está introduzindo mudanças que transformam toda a sociedade, num movimento involuntário — conclui Pedro.