Categorias
Memória

Especialistas discutem segurança

Há oito anos, o mundo se deparou com o atentado terrorista às torres gêmeas, nos Estados Unidos. No dia 11 de setembro de 2001, começa o surto de preocupações quanto à segurança mundial. Hoje as ameaças são outras, mas a proteção à vida continua pautada em diversos debates.

Pensando no assunto, o Instituto de Filosofias e Ciências Sociais da UFRJ organizou, na sexta-feira (11/9), a palestra “Segurança humana”, no auditório do Centro de Filosofias e Ciências Humanas (CFCH). O propósito do evento foi pensar num manual dirigido à própria população, propondo condições mais eficazes de proteção.

O conceito amplo do termo “segurança humana” remete à salvaguarda ou defesa do Estado em relação aos seus indivíduos, contra ameaças externas ou internas, como fome, violência ou guerras. O objetivo da discussão proposta foi reunir representantes da Polícia Civil, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e acadêmicos para pensarem em alternativas cabíveis para a construção desse manual.

O novo perfil do terrorismo

Lourenzo Pompílio da Hora, delegado da Polícia Federal, advogado e professor da UFRJ garante que as ações terroristas estão mudando, especialmente em território nacional. “Não são mais atentados dignos de cena de filme. São muito mais frequentes e ameaçadores. A dificuldade que temos para lidar com a segurança é vista na dificuldade para lidar com o narcotráfico, que financia o terrorismo nacional”, explica.

Segundo o delegado, são colombianos que entram com drogas no país através de ações violentas; “São tecnologias que passam a ser usadas para fins negativos. É o novo cenário formado por atentados químicos e biológicos. O que precisamos difundir é a necessidade de não consumo dessas drogas, que financiam essas operações; e atitudes baseadas no respeito e tolerância, capazes de garantir um convívio muito mais agradável”, defende Lourenzo.

Risco biológico

As ameaças não se restringem ao aspecto físico, sob a forma de violência e guerra. Os atentados bioquímicos são cada vez mais frequentes. Sobre esse aspecto, Sílvio Valle, professor e pesquisador da FioCruz, explica o conceito de biossegurança. Questões que envolvem doenças e surtos como a recente gripe suína, gripe aviária, surto da vaca louca ou do antrax são alguns exemplos em que há risco biológico para a população.

A grande questão, para o professor, é que esses problemas demandam investimentos políticos e econômicos, como aquisição e distribuição de vacinas e antibióticos, negociações de exportação e importação, entre outros. Desde 2001, os Estados Unidos têm uma lei de bioterrorismo, que pensa na defesa do país frente a qualquer ameaça biológica. “Não estou aqui defendendo a ciência pela ciência. Defendo que haja uma aliança entre as práticas sociais, políticas e científicas”, salienta.

Defesa dos portos

Para Aluísio Sobreira, representante da empresa de consultoria marítima Mercoshipping, falta consciência daqueles que trabalham nos portos para a necessidade de maior proteção. Recentemente, foi criado o Código de Proteção de Navios e Instalações Portuárias (ISPC Code), que regulamenta o funcionamento desses locais, mas e que não é suficiente para evitar acidentes nem para traçar um plano de segurança.  

A empresa atua junto ao Ministério da Defesa Nacional, para o melhor desempenho dos profissionais que trabalham nos portos. A principal medida é o controle dos portos brasileiros, foco de ameaça, atuando no controle de acesso e circulação. Mas alternativas burocráticas não serão o bastante para diminuir ou erradicar as ameaças, garante o representante. “Temos que entender o risco e nos proteger, assim como fazemos em nossa própria casa. Essa atitude deve partir de diversos países, compostos por variadas realidades. Se cada um não agir da maneira que lhe convém, não teremos sucesso e ameaça perdurará”, confessa Aluísio.