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Tendências da exportação industrial brasileira em discussão na UFRJ

O Seminário de Pesquisa com tema "Cambio e Exportação de Manufaturas no Brasil: Um Túnel no Fim da Luz", ministrado por Francisco Eduardo Pires de Souza, professor do Instituto de Economia (IE) da UFRJ, expôs a situação atual da exportação de produtos manufaturados no país. Durante o evento, que aconteceu na sala 102 do IE, o professor contextualizou o problema das exportações e falou sobre as tendências econômicas para o futuro próximo.

Historicamente os produtos industrializados só passaram a fazer parte da pauta de exportação do Brasil a partir da década de 60, ainda sobrepostos pelas commodities. Em 1980, no entanto, já eram 45% da pauta de exportações. Nesse período ocorre uma grande diversificação de produtos na pauta. "Houve uma revolução num período de 15 anos", esclarece o professor. "Essa diversificação teve uma importância crucial para a economia brasileira.”

De acordo com Francisco Eduardo, há sinais de desindustrialização da pauta de exportações, com queda do volume de produtos manufaturados e aumento no volume dos produtos básicos e semimanufaturados. As exportações, como proporção industrial, já vinham declinando. As manufaturas no comércio internacional continuam ganhando espaço em volume; no Brasil, porém, o caso é diferente.

“O problema poderia estar ligado ao câmbio. Quando o Real estava depreciado, houve maior crescimento das exportações; quando estava valorizado, as exportações tiveram seu crescimento estagnado. Além disso, a expansão da demanda doméstica também poderia influenciar na pauta. Com o crescimento da demanda pode haver perda de competitividade”, afirma Francisco.

De acordo com ele, pode-se até ter crescimento industrial, mas haveria perda de “market share” – espaço no mercado –  nos mercados externo e interno, com reprimarização da pauta de exportações introduzindo maior volatilidade e dependência dos preços internacionais. Por isso, o crescimento só será possível quando a demanda interna superar a externa. "Se a gente não tem competitividade, só se consegue crescimento industrial com o crescimento da demanda interna", afirmou. "Fora períodos muito pequenos, as forças econômicas estão levando a uma apreciação crescente do Real, e se opôr a isso é muito difícil”, finalizou o palestrante.