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Professor defende softwares livres e redes colaborativas

A disciplina Cultura Digital e Capitalismo Cognitivo, oferecida pela Escola de Comunicação da UFRJ, promoveu, na quarta-feira (02/09), a palestra “A filosofia do software livre e a crise da propriedade”. O evento contou com a participação de Sérgio Amadeu, sociólogo e professor da Faculdade de Comunicação Casper Líbero, que abordou a nova era das propriedades coletivas e conhecimento em rede.

Amadeu explicou que o universo do software livre não é alimentado por motivações financeiras. Os hackers, profissionais que desenvolvem sistemas desse tipo, têm essa iniciativa por ideologia e prazer. “Trata-se de bem imaterial e intangível. Não sofre escassez nem desgaste de uso. Assim como uma música não acaba à medida que você a ouve, um software livre que é copiado e usado não danifica o original”, ele defende.

Colaboração cibernética
 
A internet pode ser classificada como um arranjo comunicacional, construído de forma colaborativa, envolvendo vários tipos de mídias. A maior tendência do universo cibernético são os endereços com conteúdo colaborativo, como os blogs (diários virtuais), o Youtube (site de divulgação de vídeos) e a Wikipedia (enciclopédia editada pelos usuários). O professor garante que estamos vivendo um processo colaborativo em rede; e a economia passa a apostar no relacionamento e não na propriedade.

São cada vez mais frequentes iniciativas como o Grid Public Volunteer Computeing, um supercomputador colaborativo, em que o internauta disponibiliza a memória do seu computador que não está em uso para ajudar em downloads e processos executados por organizações da ciência e da medicina. 

O maior problema da internet é que ela ainda é composta de redes de alta velocidade, responsáveis pelas conexões internacionais (os chamados backbones) e que são controladas por certas empresas. A China e os Estados Unidos, por exemplo, têm saídas para o resto do mundo que possuem espécies de filtros capazes de escanear qualquer tipo de informação que circula em seu território, sob o argumento de ser uma ferramenta de combate ao terrorismo.

“Precisamos nos conscientizar que a cibercultura é remix, recombinada e, portanto, estamos na era das crises da propriedade sobre bens imateriais e da intermediação. O acesso à informação está muito mais dinâmico e facilitado. A grande mídia precisa reconhecer esse fato e se readaptar. O mundo está em mudança e querer ter posse sobre algo que é de todos é impossível”, argumenta Amadeu.