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Jornalista discute cobertura de grandes eventos esportivos

Roberto Falcão fala sobre sua experiência na cobertura de copas do mundo, jogos olímpicos e demais eventos internacionais.

Organização e planejamento são fatores essenciais para uma boa cobertura esportiva. A afirmação é do jornalista Roberto Falcão, que participou na terça, dia 30, da última palestra organizada pela disciplina Jornalismo Especializado da Escola de Comunicação (ECO/UFRJ). Falcão compartilhou com o público sua experiência nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, revelando um pouco o dia a dia do repórter de esporte em grandes eventos.

O jornalista coordenou a cobertura da Copa do Mundo de 94, nos Estados Unidos, para o Jornal do Brasil, tendo vivenciado a decisão tomada por grandes veículos que enviaram jornalistas antes dos jogos. Essa postura foi fundamental para que o diário ficasse na dianteira da cobertura dos treinos da seleção brasileira. Segundo ele, as cidades de Stanford e San Jose eram consideradas as mais indicadas como base de trabalho para a imprensa. Entretanto, devido à organização e ao planejamento do jornal, a equipe percebeu a tempo que as cidades estariam distantes do alojamento brasileiro.

“O fato de termos alugado quarto no hotel depois nos ajudou a ficar na mesma cidade onde estava a seleção, em Los Gatos. Apenas estando lá foi possível ver que as distâncias eram maiores do que aparentavam. Isso foi vital. Somente quem trabalha em grandes coberturas sabe a diferença que 15 minutos de sono fazem”, revelou Falcão.

Outros detalhes como câmbio e trânsito também foram observados para melhor aproveitamento do tempo. Outro ponto, segundo ele, que depende de organização é a questão alimentar. Ex-diretor executivo do Lance!, Falcão disse ser fundamental que o repórter reserve espaço na correria do dia a dia para se alimentar. Essa preocupação decorre da impossibilidade de comer ou beber em alguns lugares de cobertura.

“Ninguém volta desses grandes eventos com o mesmo peso. É preciso que o repórter saiba o momento de parar e se alimentar. Carregar sempre barrinhas de cereal e frutas é fundamental para se manter sempre bem”, aconselhou o jornalista.

A cobertura

Com a queda crescente no número de credenciamentos, a cobertura factual dos grandes eventos depende cada vez mais de informações cedidas pela agência de notícias do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). A entidade garante a cobertura de todos os jogos disputados pelo Brasil, ficando assim, a cargo do repórter, fazer as matérias de maior investimento.

“A tendência hoje é que exista  redução do número de credenciais. O Comitê Olímpico Internacional gasta cerca de  15 mil dólares por repórter. Com isso, são poucos os jornais e emissoras que conseguem mandar uma grande equipe para as Olimpíadas”, explica Falcão.

As matérias especiais dependem muitas vezes do resultado dos jogos. Embora haja o planejamento prévio, o desempenho positivo do Brasil em uma modalidade pode resultar no remanejamento de toda a equipe, como ocorreu quando o Brasil viu em Natalia Falavinha uma possibilidade de medalha no Taekwondo.

Falcão também abordou o contato com as fontes. Ele exemplificou essa relação comentando um episódio ocorrido durante uma folga da seleção brasileira na Copa de 94, nos Estados Unidos. Segundo ele, os jogadores haviam deixado o hotel escondidos em uma van, como tentativa de despistar os repórteres. No entanto, os jornalistas acompanharam o trajeto até a saída dos jogadores do carro.

“Eles estavam fechando um contrato e pediam o sigilo da imprensa; caso contrário, não falariam mais com os jornais. Eu liguei para o editor e expliquei a situação. O JB não divulgou o furo, mas posteriormente fizemos diversas matérias com eles”, explicou.